Tiago Galvão, 5 anos, ficou mais confiante desde que passou a andar no skate adaptado, o que o levou a dar os primeiros passos por conta própria.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O ano de 2016 foi especial para o skatista curitibano Heverton de Freitas, 28 anos. Além de se profissionalizar, ele estendeu para crianças especiais o projeto que toca com o pai, Eloi de Freitas, em que ensina alunos da rede pública a andar de skate.

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“Nas escolas que a gente ia sempre tinha uma criança de cadeira de rodas ou de muletas que não podia subir no skate. Aquilo ficou na cabeça do meu pai e ele não sossegou até criar uma forma para elas também participarem”, afirma Heverton.

VÍDEO - Skate Adaptado leva confiança e equilíbrio a crianças deficientes

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FOTOS - confira imagens das crianças da Escola Nabil Tacla no skate adaptado

Em um ano, 2.500 crianças com deficiências físicas tiveram a oportunidade de ficar de pé na pranchinha de rodas graças ao projeto Skate Adaptado. Suspensos por um cabo de aço em cadeira de alpinista - uma espécie de tirolesa -, não só crianças, mas qualquer pessoa com dificuldade motora pode deslizar com o skate preso aos pés pela pista de madeira de 14 metros. “Já colocamos até uma senhora de 76 anos para andar”, lembra Eloi, que nos últimos meses também colocou autistas e pessoas com síndrome de Down no skate adaptado.

Os skatistas Heverton de Freitas e Raul Ruffoni do projeto Skate Adaptado. 

Além de diversão, o skate adaptado tem proporcionado duas conquistas que fazem diferença a quem tem deficiência física, em especial crianças: confiança e equilíbrio. “O skate deu ao meu filho coragem, o que melhorou o equilíbrio dele. Antes ele só ficava de pé porque tinha muito medo de cair. Com o skate, ele se soltou e agora anda sozinho”, orgulha-se a vendedora Thais Galvão, 31 anos, mãe de Tiago Galvão, 5 anos, que teve paralisia cerebral ao nascer e é um dos alunos mais entusiasmados com a brincadeira na Escola Estadual Nabil Tacla, referência no atendimento a crianças com necessidades especiais em Curitiba.

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A dona de casa Hemelyn Andressa Rodrigues dos Santos, 25 anos, se emociona ao ver o filho, Matheus Henrique dos Santos, 5 anos, que também tem paralisia cerebral, sorrindo em cima do skate. O menino já gostava da pranchinha por causa do tio, que é skatista. Com o Skate Adaptado virou paixão de fato. “Agora ele fica louco quando vê um skate. Se vê na rua já quer pegar”, aponta. “Esse projeto é maravilhoso. Realizou o sonho do meu filho de andar de skate, porque antes ele ia na pracinha e só podia ficar olhando as outras crianças brincar”, se comove Hemelyn, que aponta a falta de espaços públicos adaptados. “Moro no Sítio Cercado e lá não tem nada que meu filho possa brincar”.

Alunos são suspensos numa espécie de tirolesa para deslizar no skate adaptado. 

A diretora da Nabil Tacla, Emanuella Túlio, 39 anos, atesta a evolução das crianças com o skate adaptado. “Muitas melhoraram na questão de postura, a ficar com o pescoço levantado, o que para elas é difícil”, explica. “O skate motiva as crianças. Faz elas se esforçarem para se divertir”, reforça Emanuella. O resultado está sendo tão positivo, que o departamento de Fisioterapia da Uniandrade está tentando transformar a brincadeira em técnica para tratamento.

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Ciclolazer

O projeto é levado para escolas e entidades de apoio a deficientes físicos – a equipe chegou a participar do Teleton Brasil desse ano, a maratona televisiva do SBT que arrecada dinheiro para a AACD, e passou por cidades do interior de São Paulo, como Campinas e Limeira. Mas também está todo domingo no Ciclolazer, projeto de recreação da prefeitura de Curitiba. Das 8h às 16h, qualquer pessoa com necessidades especiais pode andar no skate adaptado na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico.

Serviço

Escolas e entidades que queiram receber o projeto Skate Adaptado podem ligar para Eloi de Freitas no telefone (41) 99944-5066. O projeto também está todo domingo na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, como parte do Ciclolazer, das 8h às 16h.