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Conhecida por intimidar anunciantes para tentar retirar do mercado veículos conservadores, a página de esquerda Sleeping Giants Brasil acaba de lançar uma campanha contra a rádio Jovem Pan.
Nesta quarta-feira, a página divulgou um vídeo de dois minutos em que associa a opinião de entrevistados e comentaristas da Jovem Pan a uma possível revolta violenta, como a que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021. Na ocasião, apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o prédio onde funciona o Congresso americano e tentaram impedir que o Legislativo formalizasse a vitória de Joe Biden na eleição de 2020.
O argumento usado pelos militantes de esquerda do Sleeping Giants é o de que a Jovem Pan está fomentando atos de insurreição ao dar espaço a pessoas que questionam a lisura do processo eleitoral brasileiro.
Dado falso em campanha contra "fake news"
Sob o pretexto de combater notícias falsas, entretanto, o Sleeping Giants espalha uma notícia falsa: a de que cinco pessoas morreram na invasão do Capitólio. Na verdade, a única pessoa morta de forma violenta foi Ashli Babbitt, atingida por um policial depois de tentar forçar o acesso a uma área restrita, já dentro do prédio. Outra mulher, Rosanne Boyland, morreu por overdose de anfetaminas durante a invasão – embora inicialmente a suspeita fosse de que ela havia sido pisoteada.
O número de cinco mortes surgiu devido a informações desencontradas logo após a invasão do Capitólio. Mas, já no ano passado, a perícia oficial Distrito de Colúmbia concluiu que três pessoas originalmente na lista morreram de causas naturais. Os manifestantes Kevin Greeson e Benjamin Philips morreram como consequência de doenças cardíacas pré-existentes. Ambos tinham mais de 50 anos de idade. Já a morte do policial Brian Sicknick, no dia seguinte ao ataque à invasão, foi consequência de um coágulo sanguíneo.
A campanha do Sleeping Giants contra a Jovem Pan mira especialmente os anunciantes Caoa Chery, Tim, Huawei e Banco Safra. O modus operandi é o mesmo usado em iniciativas anteriores: reunir o máximo número de pessoas para criar a impressão de que existe uma mobilização popular para que a empresa deixe de anunciar no veículo em questão. Avessas à exposição negativa de sua imagem, muitas empresas acabam cedendo.
Na nova campanha contra a Jovem Pan, a Tim parece ter sido a primeira a se submeter à pressão. Em resposta ao Sleeping Giants, a empresa tuitou: “Já solicitamos a revisão dos nossos anúncios veiculados nesse canal. Reforçamos que a TIM não está ligada a movimentos políticos nem compactua com disseminação de notícias falsas e discurso de ódio.” Em contrapartida, um grande número de clientes afirma nas redes sociais que vai cancelar os produtos da empresa por ter cedido ao achaque.
Intimidação orquestrada
O Sleeping Giants Brasil é uma espécie de filial da página principal, criada em 2016 pelo publictário Matt Rivitz nos Estados Unidos. Lá, o grupo se orgulha de ter conseguido convencer (na prática, intimidar) anunciantes a deixar de anunciar em veículos como a emissora conservadora Fox News.
A versão brasileira da página foi criada em 2020 por Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stellede, então estudantes de direito. A principal plataforma do Sleeping Giants Brasil é a página do grupo no Twitter, que tem pouco mais de 530 mil seguidores. É lá que o grupo consegue mobilizar seguidores para atacar os anunciantes dos veículos definidos como alvo.
No passado, o grupo lançou diversas campanhas contra veículos não alinhados com o pensamento da esquerda, inclusive a Gazeta do Povo. A justificativa era sempre a mesma: combater o “discurso de ódio” e as “fake news”.
Em seu site, o Sleeping Giants Brasil afirma ter 1.568 doadores regulares. Os planos variam de R$ 24,90 a R$99,90. Também segundo os ativistas, o grupo criado em 2020 já realizou 47 campanhas, que tiveram como alvo 1.054 empresas. Segundo os cálculos da página, 62 milhões de reais deixaram de ser destinados a anúncios nas empresas que fazem parte da lista negra do Sleeping Giants Brasil.
Jovem Pan
Fundada em 1944, a Jovem Pan é um dos veículos de comunicação mais tradicionais do país e líder de audiência em seu segmento. Em 2021, o grupo também lançou seu canal de TV por assinatura. A Gazeta do Povo está tentando contato com a emissora.