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A filosofia Slow Food surgiu em resposta ao crescente mercado de restaurantes Fast Food | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
A filosofia Slow Food surgiu em resposta ao crescente mercado de restaurantes Fast Food| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

"Alimento bom, justo e limpo são nossos pilares"

Um dos líderes do movimento Slow Food no Paraná, o advogado Gustavo Langowiski esclarece que o objetivo da entidade é estimular o consumo de alimentos de qualidade, em especial os orgânicos, e também proporcionar ao produtor uma renda justa, livre de atravessadores ou especulações de mercado. "Um alimento bom, justo e limpo são os nossos pilares. Bom e limpo porque são frescos e produzidos sem agrotóxicos, e justo porque remunera o agricultor de forma adequada ao aproximá-lo do consumidor final."

Para isso, os adeptos promovem feiras, fazem eventos de divulgação e encorajam os chefs a usar esse produtos em suas receitas. Porém não se trata de um estilo gastronômico específico, e a entidade veta o uso de sua marca em restaurantes.

Mercado

O consumo de alimentos orgânicos vem crescendo num forte ritmo no Brasil, três vezes superior aos itens convencionais disponíveis no supermercado. Mas ainda é um nicho pequeno, procurado por pessoas dispostas a pagar um valor até 50% mais alto por um produto considerado mais saudável.

O contato direto entre produtor e consumidor, entretanto, dribla as oscilações extremas de preço causadas por especulação. O comprador não vai encontrar cabeças de alface a R$ 0,10, nem quilo de tomate a R$ 8. "Você, como consumidor, está realizando também uma atitude política", afirma Ivo Barreto Melão, presidente da Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná.

"Na região de Curitiba, é crescente a diversificação de produtos orgânicos. Alguns anos atrás havia apenas hortaliças e legumes à venda. Hoje temos frutas, cereais, feijão e até açúcar", cita. "E os preços estão competitivos em relação aos produtos convencionais."

O movimento Slow Food, surgido na Itália na segunda metade dos anos 1980 em resposta ao crescente mercado de restaurantes Fast Food, chegou à ONU. A associação nutricional, que tem sede na Itália e mais de 100 mil adeptos no mundo, assinou um convênio com a Oganização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para que alguns pontos da filosofia Slow Food se tornem parte da agenda de trabalho mundial. O interesse principal da FAO é a valorização dada aos agricultores familiares – fornecedores preferenciais dos adeptos do Slow Food.

O documento assinado em maio último pelas duas partes prevê ações em conjunto para melhorar os meios de subsistência dos pequenos produtores. Campanhas de valorização e fortalecimento de redes locais serão desenvolvidas ao longo dos próximos três anos, sendo que 2014 foi definido pela ONU como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. O acordo, que foi assinado pela brasileiro José Graziano, diretor-geral da FAO, e pelo presidente internacional da Slow Food, Carlo Petrini, tem ainda o apoio de outras instituições, como a Comissão Europeia e o Instituto Lula.

"Aproximamos as duas iniciativas para atuar, principalmente, em casos de insegurança alimentar no continente africano", esclarece Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil. "Queremos implantar políticas de transferência de renda e aquisição de alimentos em comunidades de extrema pobreza, focando também na merenda escolar."

Bojanic cita programas brasileiros para exemplificar a forma como o programa deve ser executado: "O país implantou boas iniciativas de compra da produção dos pequenos agricultores, pagando a eles um preço adequado. Estes alimentos são encaminhados para escolas e pessoas carentes, criando um círculo virtuoso."

Piloto

Quatro países foram selecionados para projetos-piloto: Angola, Etiópia, Malaui e Nigéria. "A agricultura é a principal fonte de renda nesses países, mas a produtividade é muito baixa. Nigerianos colhem 600 gramas de milho por hectare, enquanto nos Estados Unidos se colhe até 10 toneladas. Falta tecnologia, conhecimento e capacidade de investimento nesses países. Transferências de renda selecionadas podem contribuir para reverter essa situação", acredita Bojanic.

2.000 é o número de adeptos do Slow Food no Brasil, sendo 500 no Paraná. O movimento prega que a refeição deve ser um ritual de confraternização e prazer entre família e amigos, com alimentos saudáveis e saborosos.

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