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Antonio Cezar Carriel espera que o serviço aumente depois do cadastramento: “Por enquanto os benefícios são mínimos” | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Antonio Cezar Carriel espera que o serviço aumente depois do cadastramento: “Por enquanto os benefícios são mínimos”| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Vagas não são respeitadas

Os motociclistas cadastrados na Urbanização de Curitiba (Urbs) têm direito a parar suas motos em vagas de estacionamento reservadas para motofrete no Centro de Curitiba. Para usar os espaços, os profissionais devem trabalhar com motos que possuam placa vermelha, que indica atividade comercial. Atualmente, são 87 vagas exclusivas distribuídas em vias da região central. O espaço pode ser ocupado por, no máximo, uma hora.

Entretanto, ao conferir os espaços é visível a falta de fiscalização. São poucos os veículos com placa vermelha parados nesses locais. "Por enquanto, o cadastramento não trouxe nada de benéfico. Nem a placa vermelha respeitam", reclama o motoboy Antonio Cezar Carriel. As vagas estão disponíveis nas ruas José Loureiro, Emiliano Perneta e Monsenhor Celso, Avenida Marechal Floriano Peixoto e Praça Osório.

Jorge Olavo

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O cadastro

Para se regularizar, o motoboy precisa cumprir algumas exigências estabelecidas por lei. Confira os passos:

> Fazer pré-cadastro na Urbs. É necessário apresentar os seguintes documentos: RG, CPF, Carteira Nacional de Habilitação e certidões criminais do 1º e 2º ofício.

> Acompanhar o curso obrigatório que tem aulas de legislação de trânsito, pilotagem defensiva, primeiros socorros, relacionamento interpessoal e atendimento ao cliente. Ao concluir o curso, o motoboy deve retornar à Urbs para receber a carteirinha de motofretista.

> Com esse documento, é preciso ir até o Detran para fazer uma inspeção veicular e receber uma autorização para trocar a placa convencional por uma vermelha. Isso caracteriza a moto como comercial. Depois disso é liberado o certificado cadastral e a licença da moto.

> Os gastos ficam em torno de R$ 500.

Apenas 2.910 dos cerca de 20 mil motoboys que trabalham em Curi­­ti­­ba fizeram o cadastro obrigatório até ontem. Depois de um ano e três me­­ses que a Urbanização de Curi­­tiba (Urbs) começou a fazer o cadastro, só 14,5% dos profissionais es­­tão registrados, o que reforça a in­­formalidade predominante no se­­tor. Uma lei federal estipula que, a partir de quinta-feira, os con­­­­du­­tores que não estiverem re­­gu­­lamentados sejam autuados. Con­­­tudo, esse prazo deve ser estendido na capital e a nova data-limite de­­pende de uma reunião entre o Ba­­­­ta­lhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e a Urbs ainda não agendada.

Com o objetivo de regulamentar a profissão e capacitar os motofretistas, algumas exigências foram feitas a todos os profissionais por meio de leis – Lei Municipal 11.738/2006, Decreto Municipal 742/2008 e Lei Federal 12.009/2009. Além de fazer um curso específico ofertado pelos órgãos de trânsito, os motoboys devem apresentar documentos, identificar a moto com o número de seu cadastro, instalar equipamentos de segurança e trocar a placa do veículo. Em Curi­tiba, o processo de cadastramento começou em 7 de abril de 2009.

A Urbs havia anunciado que os motociclistas irregulares passariam a ser notificados a partir de 1.º de janeiro deste ano, o que não ocorreu. O motociclista flagrado prestando serviços de motofrete sem cadastro está sujeito a multa de R$ 85,13, quatro pontos a me­­nos na carteira de habilitação e apreensão do veículo. Segundo a Urbs, por enquanto os condutores não cadastrados têm recebido orientações. Operações de fiscalização podem começar no início de agosto, mas nenhuma data foi estabelecida para o início do trabalho.

Sem fiscalização

Sem fiscalização, muitos motoboys deixem de fazer o cadastro. "Não vou fazer o curso. Não acho ne­­cessário", diz o motofretista Cristiano Alves. "É mais uma ma­­neira do governo ganhar mais. É per­­da de tempo." Há os que não enxerguem benefícios no cadastramento. "Não temos benefício ne­­nhum. Se aumentasse o salário, mas isso não acontece", avalia Mar­­celo Martins. "Me cadastrei porque pediram. É mais um obstáculo." Para cumprir todas as exigências, cada motoboy gasta cerca de R$ 500.

Já o motofretista autônomo Antonio Cezar Carriel, há 20 anos no ramo, vê na regulamentação uma vantagem profissional. "Por enquanto os benefícios são mínimos, mas deve melhorar assim que a fiscalização começar. Deve aumentar o serviço para quem está regularizado", afirma.

O presidente do Sindicato dos Condutores de Motonetas, Moto­cicletas e Si­­milares de Curitiba e Região (Sintramotos), Tito Mori, reclama que falta fiscalização nas empresas que contratam motoboys. "Falta envolvimento dos se­­tores de fiscalização ao cobrar e fa­­zer valer os direitos desses trabalhadores", avalia. Defensor do ca­­dastro, Mori acredita que a fiscalização retire muitas motos das ruas. Ele lamenta a pouca procura pela regularização. "As empresas estão na informalidade e estão mantendo os funcionários nela. Essa é a realidade do mercado." Estima-se que 75% dos motoboys trabalhem sem registro profissional em Curitiba.

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