Foz do Iguaçu – O Paraná ocupa a terceira posição no ranking nacional dos estados que mais concentram infrações cometidas por motoristas estrangeiros no território brasileiro – fica atrás de Santa Catatina e Rio Grande do Sul. Só em Foz do Iguaçu, o saldo ultrapassa os R$ 5,5 milhões em multas aplicadas – e ainda não pagas – no perímetro urbano, por conta dos abusos praticados por estrangeiros, principalmente argentinos, paraguaios e chilenos.

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Regiões de fronteira possuem características que colaboram com o grande número de irregularidades. Além do trânsito de passagem, a frota flutuante é grande durante o ano inteiro. Todos os dias, Foz do Iguaçu recebe cerca de 23 mil veículos paraguaios e argentinos, o equivalente a 25% da frota local. O volume chega a 30% nas férias e feriados.

Levantamentos feitos pelo Instituto de Trânsito de Foz do Iguaçu (Foztrans) indicam que os estrangeiros são responsáveis por cerca de 15% das infrações na cidade, mesmo índice de acidentes envolvendo estes condutores. Nos últimos dois anos, foram aplicadas cerca de 10 mil multas.

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Ranking

Em 2006, equipamentos de controle de velocidade mantidos pelas polícias Rodoviária Federal e Estadual, pela Polícia Militar e pelos institutos de trânsito dos três estados da Região Sul mostraram que 52% das infrações cometidas por estrangeiros são registradas em Santa Catarina, 35% no Rio Grande do Sul, 5% no Paraná e 9% no restante do país.

"A proximidade com os países vizinhos e a procura pelos destinos turísticos do Rio Grande do Sul e o litoral catarinense justificam esta maior incidência", explica o agente Adriano Fiamoncini, da Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina. "As praias do Paraná são procuradas em menor escala e o estado serve de acesso a outras regiões do país. Quem quer ir mais longe vai de avião."

Para o policial, a impunidade estimula os infratores. "Não fosse isso, muitas destas infrações seriam evitadas", afirma. Segundo Fiamoncini, brechas na legislação, falta de controle permanente, sistemas incompatíveis e ausência de acordos bilaterais são alguns dos fatores que levam à inadimplência, que chega a 90%.

Os sistemas digitais dos Departamentos de Trânsito (Detrans) e das polícias são preparados para reconhecer as placas brasileiras, com três letras e quatro números. A consulta às placas estrangeiras, que têm outro padrão, é manual. "Esse controle é feito nas blitzes ou nos postos de fronteira, sempre por amostragem, já que o efetivo policial é insuficiente para o patrulhamento constante", reconhece.

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Os recursos obtidos com as multas poderiam ser aplicados na melhoria das vias e da sinalização ou no Fundo de Reequipamento de Trânsito (Funrestran), destinado à compra de radares e viaturas.

Medidas legais para evitar o rombo existem. Os artigos 119 e 260 do Código de Trânsito Brasileiro estabelecem que carros estrangeiros não podem deixar o país sem que as multas sejam pagas. A mesma lei, no entanto, impede que os infratores sejam cobrados no ato da infração.

Nos países vizinhos, os procedimentos para a notificação de infrações são os mesmos para veículos licenciados no Brasil ou no exterior. "Quanto às multas, o problema é a cobrança. Graças aos convênios com os Detrans de todo o país, elas são enviadas aos endereços dos cidadãos. Mas, como mandar uma multa para alguém que mora em Buenos Aires?", questiona Fiamoncini. O ideal, aponta o policial, seria os países do Mercosul elaborarem um cadastro único.

De acordo com o Detran, em 2005 os veículos estrangeiros cometeram 108 infrações no Paraná. No ano seguinte foram 234, e neste ano já são 45. Nesta conta não estão incluídas multas registradas em locais em que o órgão de trânsito é municipalizado, o que é o caso de 28 cidades paranaenses.