Na opinião do delegado do Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc), Julio Reis, é preciso existir mais do que repressão, trabalho desenvolvido pela polícia. A prevenção e o tratamento também são pontos onde as ações devem melhorar. "Enquanto houver demanda, haverá tráfico", diz. Em uma recente operação na região Oeste do estado, onde foram apreendidos 25 quilos de pasta-base, em Céu Azul, os traficantes presos comentaram que para cada quilo de pasta seriam fabricados 10 quilos de cocaína, que por sua vez, produziria 100 mil pedras.
"Com a operação na porta de entrada, evitamos que o produto chegue na biqueira, como chamam as casas e comércios usados como fachada para venda do produto", diz o delegado. No entanto, as apreensões e prisões não são suficientes. É preciso haver um processo investigativo. "As apreensões não param na prisão do transportador. O importante é chegar ao fornecedor e ao destinatário", lembra. Como o preso normalmente não fala, a investigação torna-se importante. O investimento nos núcleos do interior aumentou nos últimos anos, trabalhando com um banco de dados integrado, além de ações em conjunto com órgãos de outros estados.
Pasta vale ouro
A pasta-base vale "ouro" no atacado. Conforme o delegado da PF Wagner Mesquita, um quilo dela no atacado custa de R$ 5 a R$ 6 mil no Brasil. Na Europa, são 80 mil euros (R$ 177,6 mil) e nos Estados Unidos, 30 mil dólares (R$ 53,1 mil). Nos países produtores, como Peru e Bolívia, o quilo vale de R$ 1,5 a 2 mil. "Vender para a Europa tem sido mais vantajoso", diz. Um quilo do produto pode render de 3 a 5 quilos de pó ou 12 a 15 mil pedras, que chegam às mãos do usuário de R$ 5 a R$ 15.
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