Entra em vigor neste sábado (9) a quinta mudança em ligeirinhos que ligam Curitiba as cidades vizinhas da região metropolitana. Agora, será vez de a população de Almirante Tamandaré sentir os efeitos da “tesoura” do governo do Paraná, que vem cortando os trajetos de várias linhas. Segundo o próprio Executivo estadual, os cortes visam equilibrar as contas do setor. Os usuários, porém, estão descontes com as mudanças.
OUTRO LADO
O governo do estado já defendeu as mudanças reiteradas vezes. Quando do anúncio de que a Comec assumiria a gestão das linhas metropolitanas integradas, descartando a renovação do subsídio com a Urbs, o governador Beto Richa afirmou que as linhas passariam por ajustes que iriam otimizá-las. O objetivo era tornar o sistema menos depende de subsídios. O estado pretende licitar essas linhas até o fim do ano.
Veja o que muda nas linhas metropolitanas
Até o ano passado, o estado desembolsava R$ 7 milhões por mês para subsidiar as linhas metropolitanas integradas. Naquele ano, o custo do passageiro intermunicipal era de R$ 4,07 – bem acima do que o usuário paga na catraca. Mas a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) defende a redução do subsídio pela metade.
CAMINHADA
Para motoristas ouvidos pela reportagem, as reclamações se dão mais pela necessidade de fazer uma nova integração. “Essas linhas já perdiam os usuários no meio do trajeto. Mas, quem antes permanecia para prosseguir viagem, agora precisa atravessar os terminais para continuar a viagem. E isso fica tumultuado no horário de pico”, argumenta um condutor da linha Maracanã/Cabral. A nova linha Cabral/CIC fica do lado oposto das que vem de Colombo, obrigando usuários a cruzar a passarela subterrânea do terminal.
Para conseguir enxugar custos, a Comec tem efetuado cortes em algumas linhas, como os ligeirinhos. Em entrevista concedida à Gazeta do Povo em março, Euclides Rovani – ex-funcionário da Urbs e hoje técnico do órgão estadual, defendeu as mudanças. Para ele, a Rede Integrada de Transporte (RIT) tem custos elevados e há linhas sobrepostas. Mas as mudanças são criticadas reservadamente por fontes ligadas ao prefeito Gustavo Fruet. “Cortando linhas pela metade fica fácil reduzir o subsídio”, diz uma delas.
A linha Fazendinha/Tamandaré terá duas alterações a partir deste sábado (9). A primeira e, mais simples, é que ela deixará de entrar no Terminal Barreirinha. Quem embarcava nela por ali terá de recorrer ao Barreirinha/Guadalupe para vir ao centro. Já a segunda alteração tornou o trajeto do ônibus mais curto: agora ele vai só até o Centro Cívico. O trajeto até o Fazendinha/Cauiá ficará a cargo de uma nova linha urbana criada pela Urbs, que partirá do Guadalupe. Há integração do Centro Cívico para o terminal da região central.
Sincronização
Para os usuários, a mudança nos ligeirinhos piorou a integração. “As novas linhas estão sempre cheias e as que ficaram mais curtas não estão sincronizadas com as novas”, reclama Felipe Silva Dias, 17 anos, que estuda na PUCPR em Curitiba e mora em São José dos Pinhais. Quando conversou com a reportagem, o jovem havia acabado de desembarcar da linha Centro Cívico/Boqueirão e, por segundos, não conseguiu embarcar na São José/Boqueirão. As duas fazem parada em tubos distantes menos de 20 metros.
Reclamação parecida tem Suzy Clea Arito, 33. Ela mora em Araucária e trabalha em Curitiba. Suzy reclama do encurtamento do ligeirinho do município. Essa linha, que vinha até o Centro da capital, agora para no Terminal Capão Raso, onde o usuário tem de fazer uma integração. “Tem dia que gasto até 40 minutos a mais”, queixa-se.
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