Entra em vigor neste sábado (9) a quinta mudança em ligeirinhos que ligam Curitiba as cidades vizinhas da região metropolitana. Agora, será vez de a população de Almirante Tamandaré sentir os efeitos da “tesoura” do governo do Paraná, que vem cortando os trajetos de várias linhas. Segundo o próprio Executivo estadual, os cortes visam equilibrar as contas do setor. Os usuários, porém, estão descontes com as mudanças.
Até o ano passado, o estado desembolsava R$ 7 milhões por mês para subsidiar as linhas metropolitanas integradas. Naquele ano, o custo do passageiro intermunicipal era de R$ 4,07 – bem acima do que o usuário paga na catraca. Mas a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) defende a redução do subsídio pela metade.
Para conseguir enxugar custos, a Comec tem efetuado cortes em algumas linhas, como os ligeirinhos. Em entrevista concedida à Gazeta do Povo em março, Euclides Rovani – ex-funcionário da Urbs e hoje técnico do órgão estadual, defendeu as mudanças. Para ele, a Rede Integrada de Transporte (RIT) tem custos elevados e há linhas sobrepostas. Mas as mudanças são criticadas reservadamente por fontes ligadas ao prefeito Gustavo Fruet. “Cortando linhas pela metade fica fácil reduzir o subsídio”, diz uma delas.
A linha Fazendinha/Tamandaré terá duas alterações a partir deste sábado (9). A primeira e, mais simples, é que ela deixará de entrar no Terminal Barreirinha. Quem embarcava nela por ali terá de recorrer ao Barreirinha/Guadalupe para vir ao centro. Já a segunda alteração tornou o trajeto do ônibus mais curto: agora ele vai só até o Centro Cívico. O trajeto até o Fazendinha/Cauiá ficará a cargo de uma nova linha urbana criada pela Urbs, que partirá do Guadalupe. Há integração do Centro Cívico para o terminal da região central.
Sincronização
Para os usuários, a mudança nos ligeirinhos piorou a integração. “As novas linhas estão sempre cheias e as que ficaram mais curtas não estão sincronizadas com as novas”, reclama Felipe Silva Dias, 17 anos, que estuda na PUCPR em Curitiba e mora em São José dos Pinhais. Quando conversou com a reportagem, o jovem havia acabado de desembarcar da linha Centro Cívico/Boqueirão e, por segundos, não conseguiu embarcar na São José/Boqueirão. As duas fazem parada em tubos distantes menos de 20 metros.
Reclamação parecida tem Suzy Clea Arito, 33. Ela mora em Araucária e trabalha em Curitiba. Suzy reclama do encurtamento do ligeirinho do município. Essa linha, que vinha até o Centro da capital, agora para no Terminal Capão Raso, onde o usuário tem de fazer uma integração. “Tem dia que gasto até 40 minutos a mais”, queixa-se.