Sob protestos de ativistas de direitos humanos, a Câmara aprovou um projeto que dá uma honraria à Rota (tropa de elite da polícia paulista). Foram 37 vereadores favoráveis e 15 contra.

CARREGANDO :)

A homenagem foi pedida pelo vereador do PSDB Coronel Telhada, que se aposentou no ano passado após comandar o temido batalhão de policiais.

A Salva de Prata foi aprovada após quatro sessões e duas semanas de polêmica na Casa. Se havia PMs - aposentados e da ativa - além de amigos de policiais pedindo a aprovação, entidades de direitos humanos protestaram para que a honraria fosse barrada. Votaram contra o PT, o PSOL e o PC do B, além de Ricardo Young (PPS) e Gilberto Natalini (PV).

Publicidade

"Policia, fascista, não passarão", gritavam manifestantes. Ao lado deles, o grupo de apoio à salva estendeu uma faixa. "Contra o crime e a corrupção. O povo de bem está com a Rota", dizia a faixa de apoio.

Polêmica

No último dia 21, o vereador Toninho Vespoli, do PSOL, foi hostilizado pelos colegas por exigir que a votação fosse nominal. Ele queria que cada um dissesse ser a favor ou contra. Após isso, Telhada não conseguiu os 37 votos necessários, já que 11 vereadores petistas se posicionaram contra. Ontem, Telhada conseguiu os votos que precisava.

Antes da votação do projeto, Vespoli leu uma carta de repúdio à homenagem."Essa instituição policial está envolvida em diversas denúncias de violação dos direitos humanos, incluindo tortura, execuções sumárias, sequestro e ocultação de cadáveres", disse Vespoli.

Durante as discussões de hoje, manifestantes foram retirados da plateia por ordem do presidente José Américo (PT). Sob vaias, Telhada acenou para os manifestantes e riu. "Isso (manifestações) mostra quem eles são", disse Telhada. "Me chamar de assassino e fascista é atitude de nazista de vocês", disse na tribuna.

Publicidade

Orlando Silva (PC do B) foi ao microfone para dizer que a Rota foi criada com apoio do regime militar. "Tenho orgulho de ter estado ao lado de Lamarca e Mariguela (guerrilheiros mortos)", disse Silva.

"A Rota prende o bandido e apreende o dinheiro. É a mais honesta e não se envolve em política", defendeu o vereador Conte Lopes (PTB), que fez parte da Rota.

Cartazes proibidos

Um dia antes da votação, dois jovens foram impedidos de fazer um protesto dentro da Câmara. Ao tentar colar cartazes na entrada de gabinetes, incluindo o de Telhada, foram abordados por dois PMs fardados que fazem parte da assessoria militar da Casa.

"Estávamos colando os cartazes quando fomos interpelados pelos dois PMs, que acreditamos que o coronel Telhada tenha acionado", disse Miguel Angelo Sena da Silva, 25, estudante de Saúde Pública da USP.

Publicidade

Um dos cartazes tinha uma ilustração de uma caveira com a farda da Rota. "Este vereador vota a favor da homenagem aos assassinos da população jovem, preta e pobre".

Os policiais levaram o casal de manifestantes para uma sala, onde pediram os documentos dos dois e fizeram perguntas. "Queriam saber onde a gente morava, o que fazia, nossa formação", disse Silva.

Após as perguntas, os documentos e os cartazes foram devolvidos e o casal liberado. Mas os cartazes permaneceram proibidos. Segundo a presidência da Casa, uma norma interna proíbe colagens de cartazes. "As pessoas concordaram em retirar o material que havia sido colado", informou em nota.