Mercado não foi notificado
Paranaguá - Comerciantes e consumidores ignoraram a orientação da Secretaria Municipal de Saúde de Paranaguá e continuam consumindo peixes na região. Até a tarde de ontem, os vendedores de pescado do mercado municipal não haviam recebido orientações das autoridades sanitárias quanto à recomendação para que os peixes da Baía de Paranaguá não sejam consumidos até que se descubra o que provocou a morte de milhares de sardinhas e xingos, encontradas mortas na região desde a última quinta-feira. De acordo com a secretária de saúde do município, Isolda Maciel, o mercado não foi fechado porque a maior parte do produto comercializado ali vem de outras regiões.
Segundo estimativa dos vendedores das peixarias, somente 20% dos consumidores deixaram de comprar os pescados. O comerciante Antônio Fortunato dos Santos conta que as vendas estão normais, mesmo com todo seu produto sendo da Baía de Paranaguá. "Ainda não foi constatado em nenhum laudo o que provocou a morte dos peixes. Até que se prove o contrário, eu continuo vendendo, pois não fez mal a ninguém", afirma o pescador, que na hora da venda diz explicar a procedência do seu produto. "Eu falo que o peixe é de Paranaguá", diz.
O bancário Fernando Lopes comprou dois quilos de peixe no mercado municipal, todos da Baía de Paranaguá. "Eu até tenho um pouco de receio mas, na minha opinião, se está na banca para vender, está bom para o consumo", diz. Já o vidraceiro Cláudio José Marques só comprou camarões. "O vendedor me disse que o camarão é de Santa Catarina, por isso que estou levando", afirma.
Restaurantes
Para não perder a clientela, donos de restaurantes do litoral estão comprando pescado de fornecedores de outras regiões. O empresário José Garcia, mandou buscar peixe e frutos do mar de Guaraqueçaba. "Tenho contato direto com um pescador da região, ele que me trouxe os peixes de lá. Já os camarões são de Santa Catarina", afirma.
O empresário Manoel Oliveira mudou o cardápio para dar mais segurança à população. "Evitamos frutos do mar, pelo menos até termos uma notícia mais concreta do que está acontecendo por aqui", diz.
Bianca Garmatter, correspondente
O consumo de peixes e frutos do mar provenientes da Baía de Paranaguá, no litoral do Paraná, continua desaconselhado. A medida só deve ser revista depois que for divulgado o resultado da análise toxicológica que está sendo feita por pesquisadores do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ainda não há definição de quando esse resultado será divulgado. Mas consumidores e comerciantes têm ignorado a recomendação (veja texto ao lado).
Na última segunda-feira, milhares de peixes, principalmente sardinhas xingós, apareceram mortos em Paranaguá. Pescadores relataram que, desde quinta-feira, vinham sentindo cheiro forte na água e percebendo a morte dos animais. De acordo com o presidente da Federação das Colônias de Pescadores de Paranaguá, Edmir Manoel, cerca de 60 toneladas de peixes mortos foram recolhidos nas proximidades do Porto de Paranaguá e na costa da Ilha de Amparo.
O capitão Durval Tavares Júnior, comandante da companhia de Polícia Ambiental do Litoral, explicou que só vai suspender a orientação de evitar o consumo de pescado se o laudo mostrar que a água da baía não foi contaminada por nenhuma substância química.
Até agora não há nenhum registro de problemas de saúde provocados pela ingestão de peixes na região. Por precaução, a Secretaria Municipal de Saúde de Paranaguá recomendou que o consumo de peixes desde 30 de dezembro nessa região seja evitado. A recomendação vale também para consumidores de outras cidades, que devem se informar se os pescados são da Baía da Paranaguá.
Mesmo que a análise comprove que a água não está contaminada, os órgãos ambientais, pesquisadores do CEM-UFPR e a prefeitura de Paranaguá irão continuar investigando o que causou a mortandade dos peixes. Algumas hipóteses seriam de um navio pesqueiro ter descartado o pescado na baía ou de desequilíbrio ambiental causado, por exemplo, pela falta de oxigenação na água.
Uma das suspeitas é de que tenha ocorrido vazamento de um produto químico ainda não identificado, mas com cheiro de enxofre, no Porto de Paranaguá, em 27 de dezembro. Nesse dia, havia manchas verdes no mar e uma tartaruga foi encontrada morta.
Representantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do CEM-UFPR, da Defesa Civil e da Vigilância Sanitária estiveram reunidos na prefeitura de Paranaguá na manhã de ontem para traçar a estratégia de orientação à população em relação ao consumo de pescado na cidade. De acordo com o capitão Edson Oliveira, coordenador regional no Litoral da Defesa Civil, ao que tudo indica que não há mais mortes de peixes.
Coleta
Ontem, equipes da Polícia Ambiental procuravam sardinhas "moribundas" na água aqueles que ainda estavam vivas e perto dos peixes mortos para uma análise mais detalhada dos pesquisadores do CEM-UFPR. "Já encontramos vários cardumes de sardinha vivos. Mas não estavam no local em que os outros foram encontrados mortos", afirmou Tavares Júnior.
Segundo o comandante, biólogos do CEM-UFPR também estão analisando se houve impacto ambiental para outras espécies.
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