O subsecretário de Defesa Civil, coronel Pedro Machado, informou na tarde desta terça-feira (5) que mais dois corpos foram encontrados na Praia do Bananal, em Ilha Grande, em Angra dos Reis, no Litoral Sul do Rio de Janeiro. As vítimas são duas mulheres, que segundo o coronel podem ser as turistas de Arujá, no interior de São Paulo.
Com isso, sobe para 52 o número de mortos em Angra dos Reis e para 72 o número de vítimas em decorrência das chuvas em todo o estado do Rio.
Em Angra dos Reis, do total de vítimas, 31 foram encontrados sob os escombros na Praia do Bananal. Outras 21 pessoas morreram depois de um deslizamento de terra no Morro da Carioca, região de central de Angra. Os desmoronamentos das encostas na região ocorreram na madrugada de 1º de janeiro.
No Morro da Carioca, os trabalhos de demolição e de resgate foram interrompidos no início da tarde desta terça-feira (5). Muitos moradores protestavam no local contra a demolição de suas casas, alegando não terem sido notificados. Por causa da confusão, o vice-prefeito Essiomar Gomes mandou parar as máquinas.
Houve até quem se colocasse entre as escavadeiras e suas residências na tentativa de impedir a demolição. Na Ilha do Bananal, as buscas seguem normalmente.
"Não sei o que está acontecendo. Não me avisaram nada que tinha que retirar as coisas. Pelo o que fiquei sabendo, só a casa da minha vizinha seria demolida e não a minha. Agora, me mandam tirar tudo de casa de uma hora pra outra", reclamou Andressa de Oliveira.
No Morro da Carioca, uma criança continua desaparecida.
Sobrevivente auxilia nos trabalhos
A equipe de buscas da Ilha Grande ganhou reforço na Enseada do Bananal. Um dos sobreviventes do grupo de amigos de Arujá está no local para acompanhar os trabalhos. Ele procura a noiva, que continua desaparecida. Além dela, também seguem desaparecidas uma outra amiga do grupo e uma moradora da área.
"Estamos, sobretudo, focando nas duas áreas em que ainda podem ter vítimas. Uma delas nos foi mostrada por esse sobrevivente, que foi parar dentro da água. Mas é preciso ponderar que a geografia do local está completamente diferente", disse o subsecretário de Defesa Civil do estado, coronel Pedro Machado.
Buscas pelo mar, ar e solo
Segundo Machado, mergulhadores aproveitaram a claridade da água nesta terça-feira (5) e retomaram os trabalhos antes das 6h. Em solo, três escavadeiras atuam retirando lama, pedras, árvores e escombros.
"Estamos ainda com uma equipe de helicóptero, que vai nos ajudar caso a correnteza tenha levado alguma vítima para o mar", explicou.
"Um dos corpos encontrados era de uma criança, que não estava na lista de desaparecidos. Como uma criança não chega sozinha a lugar nenhum, ela poderia estar em companhia de adultos que também podem estar soterrados", explicou o subscretário.
Homens da Defesa Civil, Marinha, Polícia Militar e Instituto Estadual do Ambiente, ajudam nos trabalhos. Segundo a Secretaria, mergulhadores, oito cães farejadores e quatro retroescavadeiras reforçam a busca.
"Aborto da natureza"
Na última segunda, em visita ao Morro da Carioca, o prefeito de Angra, Tuca Jordão (PSDB-RJ), classificou o ocorrido como "um aborto da natureza". Em decreto, ele proibiu novas construções e acréscimos em 16 morros do Centro. Segundo a prefeitura, 100 casas devem ser demolidas.
Uma estrutura que atuará como um muro de contenção será construída no morro para evitar o impacto da terra sobre novas casas em caso de novos deslizamentos. Nesta segunda (4), moradores da região foram autorizados a retirar seus pertences das casas ameaçadas.
Corpos identificados
À medida que os corpos são reconhecidos, os nomes são divulgados pela prefeitura de Angra dos Reis e pelo Instituto Médico Legal do Rio.
Para informações sobre Angra, a Defesa Civil municipal disponibiliza os seguintes telefones: (24) 3377-7991 / 3777-7480
Pousada atingida
O Fantástico do último domingo (3) entrou na pousada Sankay, que fica na Ilha Grande, ao lado de várias casas que foram completamente destruídas pela avalanche de pedras e lama.
Os comerciantes Elaine e Davis Fonseca estavam em uma casa na região onde fica a pousada com outras oito pessoas. Os dois contam que a chuva era intensa desde 29 de dezembro naquela área. "A gente via cadeiras, botijão de gás, roupa e tênis boiando no mar", lembra Elaine.
Doações
A Defesa Civil de Angra dos Reis montou um esquema para receber donativos para os desalojados e desabrigados das chuvas na cidade. Um colégio estadual serve de centro de atendimento e coleta de doações.
Segundo o subsecretário de Defesa Civil, José Lucas, muitos alimentos, roupas e colchões já foram entregues, inclusive por moradores de outros estados.
Para mais informações, os interessados em doar podem ligar para (24) 3377-6046/3377-7480/3365-4588/3377-7869. Para quem quiser fazer doações no local, o endereço do Colégio Estadual Dr. Artur Vargas é Rua Coronel Carvalho, 230, no Centro de Angra.