A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), seção Paraná, denunciou ao Conselho Regional de Medicina (CRM) um curso de lipoplastia técnica cirúrgica indicada para a retirada de gordura localizada realizado em Curitiba e avalizado pela Associação Brasileira de Lipoplastia (ABLP). No entendimento da SBPC, o curso não teria a carga suficiente para qualificar cirurgiões gerais (público alvo).
De acordo com o diretor do SBCP, Júlio Fernandes, o procedimento só deveria ser adotado por cirurgiões plásticos que passam por treinamento de cinco anos para receber o registro de especialista. Além disso, para ser reconhecido, o cirurgião plástico precisa passar no teste do Conselho de Medicina. "O treinamento adequado deve acontecer dentro de um hospital universitário, com professores habilitados e com o respaldo da sociedade", disse.
A presidente regional da SBCP, a cirurgiã plástica Ana Zulmira Diniz Badin, diz que o problema do curso também está relacionado à questão de segurança dos pacientes. Segundo ela, uma cicatriz que não pode ser corrigida é uma das menores conseqüências de uma cirurgia realizada por um profissional não habilitado. A médica lembra de um paciente, em tratamento por cerca de seis meses, operado por um especialista de outra área que acabou retirando gordura em excesso.
Um dos professores do curso, o cirurgião-geral Sílvio Renato Pereira, que atua no Rio Grande do Sul e é membro da ABLP, considera a denúncia descabida. Segundo ele, a lipoplastia é uma técnica bem menos agressiva do que a lipoaspiração. De acordo com Pereira, na literatura médica não existe registro de problemas durante a excecução de lipoplastias. Ele argumenta ainda os procedimentos da lipoplastia e da lipoaspiração foram desenvolvidos por especialistas clínicos que não eram cirurgiões plásticos. "Este tabu dos cirurgiões plásticos em relação aos médicos estetas (versados em estética) sempre existiu, porque eles acham que vão perder terreno", conclui.
O CRM deve abrir sindicância e ouvir as duas partes antes de instaurar um processo. O médico responsável pelo curso é quem deverá responder ao órgão. Das 500 sindicâncias abertas ano passado pelo conselho, 11 se referiam a cirurgias plásticas e dos 159 processos ético-profissionais gerados, cinco eram contra cirurgiões plásticos.
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