A funcionária supostamente "fantasma" da Assembléia Legislativa Verônica Durau entregou na sexta-feira (10) um pedido de exoneração do cargo que ocupava no Legislativo desde 1996. No dia anterior, Verônica disse para a reportagem da Gazeta do Povo que nunca havia trabalhado na Assembléia.
Já o genro dela, Ezequias Moreira Rodrigues, chefe de gabinete do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), na sexta também se manifestou sobre o caso. Denúncias apresentadas ao Ministério Público sugerem que Ezequias teria usado a sogra como "laranja" para receber salário da Assembléia. Em nota, o chefe de gabinete do prefeito afirma que as acusações são mentiras e que ele vai tomar medidas judiciais para responsabilizar os autores.
Gabinete
A Gazeta do Povo publicou na edição de sexta-feira cópias de contra-cheques de Verônica Durau, lotada num suposto gabinete na Assembléia do deputado Carlos Alberto Richa (Beto Richa), que há seis anos não é mais parlamentar. Os documentos apresentados na denúncia feita ao MP mostram que, durante o ano de 2002 e em parte de 2003, a conta de depósito do salário de Verônica era a mesma indicada para o pagamento de Ezequias Rodrigues pela Sanepar, empresa da qual ele é funcionário licenciado e cedido à prefeitura. Mesmo afirmando que nunca trabalhou na Assembléia, Verônica entregou ontem, no departamento de Recursos Humanos da Casa, seu pedido de exoneração.
De acordo com a direção da Assembléia, Verônica foi nomeada em 1996 no gabinete de Richa. Mas, a partir de 2001, quando ele saiu do Legislativo para ser vice de Cassio Taniguchi na prefeitura de Curitiba, ela foi nomeada como funcionária da liderança do PSDB. Uma sindicância será aberta na Casa para esclarecer por que o nome de Beto Richa aparece no contracheque de Verônica em pagamentos feitos neste ano.
Em nota enviada para a imprensa, o chefe de gabinete de Beto Richa na sexta-feira afirmou que os fatos divulgados contra ele deverão ser esclarecidos pela Justiça. "Lamento que meu nome esteja sendo utilizado por pessoas cuja verdadeira identidade ainda virá a público, para atingir, de maneira torpe, o prefeito Beto Richa", diz o texto da nota. Ele ainda considerou ter sido vítima de quebra de sigilo fiscal sem amparo legal e "de forma criminosa" e disse que, no caso, também houve "falsidade ideológica". Segundo Ezequias, os documentos obtidos demonstram sinais evidentes de falsidade, com inserção de informações mentirosas. Declara que instituiu um advogado que vai adotar as medidas judiciais cabíveis contra os responsáveis pela divulgação das informações. Quem entrou com a denúncia no MP foi o relações-públicas Marcos Ravazzani.
A nota foi enviada no início da noite, depois de um dia inteiro de reuniões da cúpula da administração municipal. A prefeitura, porém, não divulgou nenhuma decisão ou posicionamento sobre o caso.
O caso foi encaminhado para o promotor Odoné Serrano, da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público do MP-PR, que está de férias e retorna no dia 20.