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8 pólos foram mapeados pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa. O estudo mostra que Curitiba tem vários pontos que unem gastronomia, moda, saúde e decoração e que podem ganhar um novo impulso de desenvolvimento.

A poucos dias do 321.º aniversário da cidade, é bom ver o fervor de alguns curitibanos na defesa dos nomes e da história dos seus bairros. É o que se vê na página criada no Facebook sob o título de "Soho não". Seria o caso de dar vivas se não coubesse, antes, o esclarecimento de um ponto que o calor do debate acabou sufocando.

A expressão Cabral Soho, para ficar na mais comentada, não propõe rebatizar um bairro, mas adotar um conceito praticado no mundo todo, com resultados comprovados. Não faltam exemplos. "Sohos" oxigenam o espaço urbano, atraem investimentos, reduzem a violência e devolvem o público às ruas. Tudo o que mais se deseja em matéria de convivência na urbe.

Curitiba não é exceção. Já viveu essa experiência com bons ganhos. O Soho Rebouças levou à zona industrial a sede da Fundação Cultural e, com ela, exposições e seus espectadores. Difícil dizer que o Rebouças não melhorou. Já o nome Soho, um pretexto para as mudanças, entrou em desuso assim que a região reagiu. Era um instrumento. No Batel Soho, outro exemplo local, duas dezenas de empresários se uniram, fazendo sua parte na revitalização da Praça Espanha.

Nos quatro cantos do planeta, as cidades estão empenhadas em achar soluções criativas para combater a degradação. Existe ciência no assunto. No fim dos anos 1990, o ex-ministro de Cultura da Inglaterra Chris Smith, entusiasta da economia criativa, fez de Londres uma cidade referência graças também à multiplicação dos Sohos, capazes de atrair artistas, estudantes, empresários e boêmios, convivendo em diálogo em um mesmo espaço. E nada mais natural do que começar pelas vocações gastronômicas, tal qual Porto Madero em Buenos Aires.

O Cabral Soho é um dos oito polos mapeados no estudo feito pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa a pedido da Gazeta do Povo. O nome foi adotado por um grupo de comerciantes que criaram a Associação dos Lojistas do Cabral Soho (Alcas). A principal crítica ao projeto é a própria nomenclatura do polo, acusada de estar renomeando o bairro. É um temor infundado.

O estudo, lançado em dezembro, mostrou que Curitiba tem polos que unem serviços como gastronomia, moda, saúde e decoração. Tudo isso fica mais visível e palpável se as áreas em que estão forem bem delineadas. Não tem a ver com traçado de bairro, mas com recortes que ultrapassam limites geográficos. O Cabral Soho encontra costuras no Juvevê, Hugo Lange, parte do Ahú, Bacacheri, Alto da Glória e Jardim Social. É assim em qualquer cidade dinâmica.

Os nomes escolhidos passaram pelo aval dos que vivem nas regiões estudadas. Importam menos que o compromisso, o marco – e cidades precisam de marcos. Quanto ao comércio, como se sabe ele é sim um impulso para o desenvolvimento, inclusive dos moradores que ali circulam.

Em tempo: o que seria da Rua XV sem o conceito do "calçadão"? Essa ideia, parente do "Soho", atraiu, há 40 anos, a atenção poder público, fez da rua uma área contínua, com identidade clara, um movimento que se espraiou para as vias transversais. Deu certo, mas não para sempre. É preciso trabalhar pesado para manter a XV em alta.

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