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Pavimentação é esperança de progresso

Moradora do distrito de Bateias, em Campo Largo, a dona de casa Edelzina Eva Batista, 50 anos, está a mais de 10 quilômetros de onde os 120 soldados se concentram. Com gente trabalhando na estrada, ela volta a acreditar que o asfalto vai chegar até a porta de casa. "Moro aqui há 30 anos, mas agora acho que sai", diz. A dona de casa Araci Almeida, 39 anos, espera se livrar logo da poeira que invade a casa cada vez que um veículo passa na PR-090. "Espero que isso não traga violência, assalto, essas coisas", pondera. Ambas acham que o progresso virá com a pavimentação.

O Cerne teve o seu auge na década de 50, quando foi a principal ligação entre a capital e o Norte do estado. Com 480 quilômetros, começa em Curitiba, e, em Piraí do Sul, fazia uma bifurcação com um ramal seguindo para Jaguariaíva e outro para Londrina. Hoje, vai até Porto Capim, na divisa com São Paulo. A obra no Cerne é a segunda no Paraná realizada pelo Exército. A primeira foi em 1992 a 1994, na construção de 146 quilômetros da Ferroeste, entre Guarapuava e Cascavel. (KB)

Em muitos trechos da estrada do Cerne ainda é mais rápido andar a cavalo do que rodar de automóvel. Mas a esperança dos 15 mil moradores que vivem às margens dos 123 quilômetros da PR-090, entre Piraí do Sul e Campo Magro, está no ritmo das patrolas e tratores do 10.º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército, que comanda a obra. Muitas chuvas e problemas com a entrega de pedra brita atrasaram o cronograma de entrega da primeira etapa, de 16 quilômetros e orçada em R$ 8,7 milhões. Mas o prazo para conclusão do trabalho está mantido para setembro.

A rodovia, quase toda cascalhada, é acidentada e o traçado tem uma curva atrás da outra. Com um ano de trabalho, 3,2 quilômetros estão asfaltados, na zona rural de Campo Magro. Nos primeiros dez quilômetros há trechos com terraplenagem e base concluídas. "A pavimentação está tomando um ritmo melhor agora, a partir de março", conta o secretário estadual de Transportes, Rogério Tizzot. Na próxima semana, o trecho já pavimentado deve receber sinalização provisória.

Logo depois de concluir a primeira etapa, está previsto o início da pavimentação de mais 30 quilômetros. Mas outra fase pode ser iniciada ainda neste ano. Em duas semanas, o comando militar de Lages (SC) deve dar a resposta se aceita tocar mais um trecho da obra. A frente de trabalho seria aberta no sentido norte-sul, a partir de Piraí do Sul. O trabalho feito pelas Forças Armadas custa 20% menos. "Eles têm uma estrutura bem montada, com bons equipamentos. Além disso, podem treinar operadores de máquinas, pessoal de topografia. É bom para os dois lados" , argumenta o superintendente da Regional Leste da Secretaria de Transportes, Ricardo Martins de Barros.

Se a parceria com o Exército for mantida, os dois grupos devem se encontrar, concluindo toda a pavimentação da estrada do Cerne em 2010, como prevê o plano de obras.

O trajeto dispensa os motoristas do pagamento do pedágio, já que corta quatro praças de cobrança. Além de uma opção para os motoristas, a estrada asfaltada deve levar o desenvolvimento para uma das regiões mais pobres do Paraná. "É como o que aconteceu entre Rio Branco do Sul e Cerro Azul, que experimentou uma nova fase depois da conclusão da rodovia. A nossa expectativa é de que aconteça isso também, com a implantação de um novo pólo de crescimento. É transporte para o estudante, para o trabalhador, para a produção", destaca Tizzot. O fluxo que hoje é estimado em menos de 400 veículos por dia, pode chegar a 5 mil.

Para tornar a estrada transitável é preciso mais do que cobrir pedra com piche. Alterações no curso, mudando a inclinação do terreno e o formato do trajeto estão em execução para garantir que veículos pesados possam usar a rodovia com segurança. Metade das curvas deve desaparecer e muitas outras serão mais abertas. "Hoje é só para quem precisa e não tem opção", reconhece Barros.

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