FLORIANÓPOLIS, BLUMENAU E ILHOTA - Quase um mês e meio depois das chuvas que arrasaram Santa Catarina, a solidariedade ajuda a reconstruir casas e vidas de quem perdeu quase tudo. A estudante de Engenharia Química Helena Depine, de 18 anos, é voluntária no movimento de auxílio aos desabrigados de Blumenau. "O que me impressiona é a força de superação e a velocidade que tudo acontece", diz. "Sou uma pessoa feliz."
Nas últimas semanas, a impessoalidade dos abrigos foi amenizada com alegria. Vestida de palhaça, Raquel Junglos, de 16 anos é animadora de festas e promove tardes de diversão com os pais e as crianças que estão nos abrigos.
No outro lado do ginásio de um dos abrigos de Blumenau, também há momentos de distração para quem perdeu tudo. A assistente de marketing Vanessa Luchtenberg, vestida com roupas coloridas, tem a tarefa de divertir crianças na cama elástica. Um grupo de empresários e profissionais liberais também decidiu ajudar na reconstrução de Blumenau.
A empresária Marion Bubeck lembra que esse engajamento vem desde 1850, quando os primeiros imigrantes alemães chegaram à região. "A população participa de grupos", conta. "São os clubes de caça e tiro, o Stammstich, que fazem reuniões de conhecidos em local reservado para comer, beber e conversar."
Outro integrante do projeto, o empresário Cristiano Büerger lembra que foi numa outra tragédia, a enchente de 1984, que nasceu a Oktoberfest, a maior festa do chope do Brasil. A ideia era restaurar a alegria da cidade.
Dono de uma fábrica e loja de roupas íntimas em Ilhota, uma das cidades mais castigadas pelas enchentes, o empresário Érico Oliveira foi aos abrigos e ofereceu empregos aos desalojados. Hoje, 22 pessoas estão em sua fábrica. Muitos não tinham prática, mas com um pouco de atenção logo aprenderam a dobrar e embalar as peças.
"São pessoas que perderam parentes e amigos e que precisam de apoio", diz. Elas estão sem referência, passando pela dor da perda, de estar sem casa, sem endereço, pois nem terreno têm mais e muito menos emprego para sustentar a família."
Hoje empregada na fábrica de Érico Oliveira, Cristiane Bornhausen, de 19 anos, é balconista. Ela morava com o marido, com quem vivia junto há quatro meses, e os sogros, no Morro do Baú. Lembra bem da correria na manhã do dia 23 de novembro, um domingo, para fugir de casa, ameaçada por uma barreira que levou o terreno. Atenciosa e simpática, parece que está há tempos atrás de um balcão.
"Nem consigo acreditar no que aconteceu", lembra. "Sinto saudade do lugar, da minha casa, do meu canto. Queria voltar. Mas tenho medo de retornar. Vou economizar esse dinheiro do salário, ainda não sei do meu futuro, mas com certeza vai me ajudar a recomeçar."
Muitas pessoas das comunidades atingidas e que podem ajudar oferecem o que tem à disposição: casa para alojar amigos e parentes, dividem a comida, dão roupas ou simplesmente ficam por perto de quem sofreu com os parentes que morreram. O montador de caixas Mário Zimmermann, de 40 anos, que mora na parte baixa do Morro do Baú, teve a casa arrastada por uma avalanche de lama. Foi um dos primeiros a ajudar a comunidade. No fim de semana da tragédia, a mãe dele, que mora a 200 metros, havia saído para visitar a filha em outra cidade. Ele avisou que ela não retornasse, porque a casa dela havia virado alojamento para 20 pessoas.
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