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Libertação

Soltos, nigerianos manifestam desejo de ficar no Brasil

Nigerianos no hotel em Paranaguá com os advogados Eduardo Digiovani (de perfil, à esq.), da agência marítima responsável por eles, e Dálio Zippin Filho, da OAB-PR (dir.): liberdade após duas semanas presos em embarcação turca | Oswaldo Eustáquio
Nigerianos no hotel em Paranaguá com os advogados Eduardo Digiovani (de perfil, à esq.), da agência marítima responsável por eles, e Dálio Zippin Filho, da OAB-PR (dir.): liberdade após duas semanas presos em embarcação turca (Foto: Oswaldo Eustáquio)

Os nove nigerianos clandestinos que estavam presos desde o dia 19 em um navio de bandeira turca deixaram ontem a embarcação e chegaram à Paranaguá, no litoral do Paraná, por volta do meio-dia. A Justiça Federal (JF) havia concedido um habeas corpus a eles na quinta-feira.

A decisão da JF foi em caráter liminar e com antecipação de tutela. Os nove devem permanecer em regime de liberdade vigiada até que seja decidido o futuro deles no Brasil. Eles estão no Hotel Monte Líbano, sob responsabilidade da agência marítima Brazilian Por Agents Agenciamentos Marítimos.

O desejo de permanecer no país foi manifestado ontem pelo grupo em audiência com a juíza substituta Gabriela Hardt, da Vara Federal de Paranaguá. Eles foram ouvidos a partir das 16h30. "Todos eles querem ficar, eles alegaram que o motivo da vinda seria econômico", afirma a juíza. Esta versão difere da que eles deram a Dálio Zippin Filho, membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Paraná. Quando ainda estavam presos, eles alegaram ao advogado que teriam embarcado no navio clandestinamente para fugir de conflitos religiosos.

De acordo com a juíza, uma ata da reunião vai ser enviada à Polícia Federal (PF), expressando o desejo dos nigerianos de ficar no país. A PF vai fazer o pedido e o enviará ao Comitê Nacional de Refugiados (Conare), órgão que faz parte do Ministério da Justiça. Ainda segundo a juíza, no momento em que a PF enviar o pedido, eles vão receber um protocolo, que vai garantir a liberdade provisória até que saia a decisão judicial. O parecer pode ser de asilo político ou de extradição. Caso a decisão seja por extradição, as custas serão pagas pelo armador. Por enquanto, os nigerianos estão no hotel, em Paranaguá, em liberdade vigiada. Este regime é utilizado para estrangeiros em situação irregular, que não oferecem riscos ao país, com o objetivo tanto de preservar a segurança dos nigerianos quanto de controlá-los em território nacional.

Segundo o advogado da agência marítima responsável por eles, Eduardo Digiovani, após mais de 20 dias suportando condições subumanas, os nigerianos estão contentes com a possibilidade de permanecer no Brasil. "Devido a grande exposição desse caso, eles têm a chance de conseguir algo realmente diferente para a vida deles", disse.

Sem guerras

De acordo com o nigeriano Adebayo Abidemi Majaro, presidente da ONG Afro Globo Forum Global, de Curitiba, que foi a única pessoa autorizada a conversar com os nigerianos enquanto a situação permanecia indefinida, não existem perseguições religiosas e guerra civil naquele país, mas conflitos que podem ter motivado a vinda ilegal deles.

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