Confira os principais tipos de pavimento usados nas vias públicas de Curitiba| Foto:

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Para aderir ao movimento contra o antipó, peça o formulário pelo e-mail reclame@diganaoaoantipo.com.br

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Rua Dr. Simão Kossobudski, no Boqueirão: antipó não resiste às chuvas. Buracos aumentam o risco de acidentes e causam desconforto a motoristas
O empresário Antônio Marques França quer reunir 10 mil assinaturas para banir o antipó das ruas de Curitiba
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Herança dos anos 70, quando a técnica foi amplamente usada como uma solução econômica para eliminar a poeira e a lama nas ruas sem pavimento definitivo, o antipó – formado por uma fina camada de asfalto so­­bre o saibro – é alvo de críticas de mo­­radores de diversas áreas de Curitiba. Aproximadamente metade da malha viária da cidade tem esse revestimento, que não resiste à ação da chuva e do tráfego e exige constantes operações tapa-buraco.

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Na zona sul, o empresário Antônio Marques França, de 47 anos, lidera um movimento contra o antipó, que pretende coletar 10 mil assinaturas, uma amostra estatística que ele considera representativa da população curitibana. O abaixo-assinado será usado como instrumento de pressão para cobrar uma solução por parte do poder público. As pessoas interessadas em aderir ao movimento podem solicitar o formulário via e-mail (reclame@diganaoaoantipo.com.br), imprimir uma cópia e reunir as assinaturas na vizinhança.

Marques pretende obter a adesão de categorias afetadas mais diretamente pelo mau estado do pavimento, tais como taxistas, motoristas e cobradores de ônibus, donos de vans do transporte escolar e entregadores de gás. Até a semana passada, centenas de assinaturas haviam sido coletadas em diversas áreas da cidade.

Se não conseguir sensibilizar a prefeitura, o empresário pretende apresentar um projeto de iniciativa popular na Câmara Municipal. Ele sugere também que o Mi­­nistério Público peça uma perícia do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) ou do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, para analisar a qualidade do material e verificar se a ad­­ministração municipal é ou não negligente.

"O problema não ocorre apenas em bairros da nossa região, como o Boqueirão, Hauer e Xa­­xim", afirma Marques. "Temos recebido reclamações de moradores do Bairro Alto, Boa Vista (zona norte), Campo Comprido, Cidade Industrial (zona oeste), enfim, praticamente todos os bairros da periferia de Curitiba. São vias cujo pavimento já tem a vida útil vencida e não suportam mais remendos. Os reparos são constantes, mas costumam durar apenas até a próxima chuva. O antipó é o asfalto ‘leite em pó’: desmancha com água", brinca Marques.

De acordo com o empresário, o estado precário das vias causa uma série de transtornos: danifica pneus, rodas e suspensão dos veículos, gera desconforto aos motoristas, cobradores e passageiros do transporte coletivo e até aumenta o risco de acidentes, como colisões e atropelamentos, por causa das manobras arriscadas feitas pelos condutores para desviar das crateras na pista. Além disso, os fragmentos do pavimento danificado são arrastados pela chuva e entram nas galerias de águas pluviais. "Esse material deve assorear os rios. E será que não é tóxico?", questiona.

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Problema antigo

Moradores dizem que os problemas de infraestrutura são antigos na região. "Minha rua [Deputado Benedito Lúcio Machado] tem bu­­racos que quase quebram as rodas dos carros", conta o aposentado Lauro Estevam, de 66 anos, que mora há 20 no Xaxim. "Antes da operação tapa-buracos [na Rua Miguel José Grein], os motoristas ti­­nham de subir em cima da calçada para desviar", lembra o aposentado Bernardo Friesen, de 74 anos, morador do bairro há 42 anos. Na Miguel José Grein, Mar­­ques conta que um morador chegou a usar uma picareta para re­­mo­­ver uma "costela de vaca" (ondulação no pavimento) que ras­­pava no tanque de combustível do carro quando ele saía de casa.

Na última semana, uma equipe do telejornal Paraná TV, da RPC TV de Curitiba, percorreu diversas ruas da zona sul, entre elas a Ce­­zinando Dias Paredes, no Boquei-­­ rão. Lá, desviar de todos os buracos era tarefa impossível. Era, porque, na quinta-feira, uma força-tarefa da prefeitura percorreu os bairros do Boqueirão, Alto Boqueirão e Hauer para executar uma operação tapa-buracos. "Isso prova que a nossa mobilização funciona: depois que saiu a matéria, taparam os buracos", afirma o empresário.

Outra via que apresenta problemas é a Rua Alcino Guanabara, no Hauer, que faz a ligação entre os binários Oliveira Viana/João Soa-­­ res Barcelos e Santa Bernar­­dete/Leonel França. Em novembro do ano passado, a via recebeu um recape asfáltico em cima do antipó. Recentemente, surgiram buracos na via. Nas áreas atingidas, foram feitos reparos, mas a pista ficou irregular.

Paulistano de nascimento, Marques mora em Curitiba desde 1993. "Muitas pessoas perguntam: ‘Por que você fala mal de Curitiba? Se não gosta daqui, por que não vai embora?’", conta. "Eu amo esta ci­­dade. Não é porque sou de fora que vou deixar de apontar as coisas que podem ser melhoradas."

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