A população brasileira cresce cada vez menos, mas envelhece e vive mais. Essas são as constatações da mais nova projeção realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgada ontem. Segundo o levantamento, o país tem em 2013 201.032.714 habitantes 7% deles com 65 anos ou mais. No ritmo das estimativas do instituto, em 2060 um em cada quatro brasileiros será idoso (27%). No Paraná, onde as projeções indicam que a expectativa de vida saltará para 80 anos em 2028, a proporção de idosos pulará dos atuais 7,92% para 15,13% em 2030.
O envelhecimento acelerado da população brasileira vem ocorrendo em função da queda da fecundidade e é acompanhada pelo aumento da expectativa de vida. Em 2000, a proporção de nascidos por mulher era de 2,39 índice que caiu para 1,77 neste ano e que cairá para 1,51 em 2030. No Paraná, a queda tende a ser ainda mais acentuada, já que a taxa de fecundidade deverá chegar a 1,45 em 2030.
Uma das consequências dessa mudança de perfil populacional é a alteração da chamada razão de dependência da população, que indica a proporção de pessoas que teoricamente precisam ser sustentadas (abaixo de 15 anos e acima de 64) pela parcela economicamente produtiva. Hoje, cada grupo de 100 habitantes teria de sustentar 46 indivíduos. Sendo mantidos os ritmos atuais de envelhecimento e fecundidade, essa razão saltará para 66 em 2060.
Além da mudança significativa na taxa de dependência, o demógrafo Morvan Moreira aponta a necessidade de redefinição de políticas públicas. "Essa mudança de perfil populacional traz uma nova ordem de demandas sociais, que implica diretamente nas políticas de saúde, emprego e educação. Além disso, o estado terá mais dificuldades de equilibrar o fator previdenciário e mais pessoas recorrerão à previdência privada", diz o especialista da Fundação Joaquim Nabuco.
Se por um lado a possibilidade de taxas negativas de crescimento populacional preocupa, por outro o aumento da expectativa de vida anima. A expectativa de vida do brasileiro vem crescendo projeção após projeção. Se, em 2000 vivia-se em média 69 anos, em 2050 o brasileiro passará a viver 80 média que o Paraná deverá atingir já em 2028.
"Esse cenário é reflexo da melhoria em investimentos em educação, saúde, saneamento básico. Quanto mais as pessoas são bem cuidadas, maior a longevidade delas", afirma Moreira.