Uma série de edifícios reunidos ao redor de uma imensa praça, concentrando, no mesmo local, serviços públicos dos três poderes. A construção do Centro Cívico, marco urbanístico de Curitiba que completa oficialmente 60 anos na quinta-feira, era defendida pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Neto não só como uma forma de centralizar as repartições públicas e economizar com aluguéis. Acima de tudo, o símbolo arquitetônico tinha como objetivo unificar o Paraná, estabelecer Curitiba como uma capital "de verdade" e dotar o estado da grandeza que lhe cabia frente a todo o país.
Os recordes sucessivos na produção de café transformaram o Paraná em um dos maiores produtores do mundo, embora também reforçassem as divisões geográficas e culturais entre o Norte cafeicultor, muito mais ligado a São Paulo do que à capital paranaense. Com o Centro Cívico, Curitiba enfim seria o coração do estado. E os paranaenses teriam uma homenagem à altura para marcar o centenário de emancipação, em dezembro de 1953.
Ao fim, o projeto de Bento Munhoz, baseado em uma proposta levantada na década anterior pelo Plano Agache, saiu do papel. Não da maneira como foi concebido originalmente e muito menos na data prevista na comemoração do centenário, apenas a Praça 19 de Dezembro, construída de maneira improvisada, foi inaugurada. Nos anos seguintes, recebeu elogios fervorosos e críticas ferrenhas: ao mesmo tempo em que tornou-se um marco da arquitetura moderna no Paraná e no país, foi símbolo dos fracassos e atrasos na concepção de obras públicas.