A especialização na calcetaria, a arte de construir calçadas, além de preservar as pedrinhas de petit-pavé que decoram o piso de algumas cidades brasileiras, tornou-se esperança na vida de alguns paranaenses.
Nesta semana, em Curitiba, 17 alunos estão aprendendo a trabalhar com as pedrinhas brancas e pretas. Mas não foi fácil encontrar alguém para ministrar o curso.
A Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), que tem um projeto de revitalização de calçadas, o Passeio Nota 10, procurava há tempos um professor. Um dos maiores centros de formação, a Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa, viu seu quadro reduzir nos últimos anos. A capital portuguesa já teve 200 profissionais especializados, mas hoje só tem 17.
Ainda na fila por um profissional português, a ACGB encontrou Joe Reis. Vindo de Borrazópolis, no Norte do Paraná, ele passou 15 anos trabalhando com a construção civil nos Estados Unidos.
Esse tempo todo por lá deixou nele duas marcas: a língua mãe foi um pouco esquecida, mas o conhecimento na calcetaria, adquirido na Universidade de Cambridge, o fez se tornar referência no assunto. "Lembro que passei pela Travessa da Lapa quando era mais novo. Na época, tive até de pedir ajuda no sinaleiro. Hoje, estou aqui reformando ela. Nos Estados Unidos há valor para esse serviço e por isso, agora, estou abrindo minha empresa. Eu 'peguei amor' pela calcetaria", conta.
Joe lembra que logo quando abriu a empresa recebeu um pedido para um trabalho de reparo com pedra portuguesa, como também é chamado o petit-pavé. Ele buscou mão de obra, mas não encontrou pessoas qualificadas para o serviço. Na mesma época, recebeu a proposta para ministrar o curso. "Eu gosto de ajudar e vejo que, além de formar novos calceteiros, vai ser, principalmente, uma grande oportunidade para eles", afirma.
Polêmica
Presente em 2% das ruas com calçadas de Curitiba, o petit-pavé guarda a história da capital, mas não agrada a todos. Contraindicada para passeios por causa da acessibilidade de deficientes físicos e por ser escorregadia, já motivou ações do Ministério Público para mudar projetos da cidade. "O problema não são as pedras em si, mas a falta de manutenção. Qualquer material mal conservado gera problemas", defende Edival Vilar de Araujo Jr, arquiteto do Ippuc que apoia a formação de calceteiros.
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