Tanto empenho do governo em impedir a CPI do Apagão Aéreo se deve a informações de que o Ministério Público vai soltar nas próximas semanas um pacote de denúncias nos contratos de obras e serviços da Infraero no primeiro mandato de Lula. Responsável pela repaginação de aeroportos, a autarquia se transformaria no centro da CPI. Governistas da linha de frente da obstrução lembram que a CPI dos Correios nasceu para investigar o "petequeiro" Maurício Marinho, mas terminou com o indiciamento de ex-ministros e parlamentares. A CPI dos Bingos, criada para investigar Waldomiro Diniz, ajudou a derrubar Antônio Palocci. E a apuração sobre os sanguessugas teve semanas só dedicadas ao "dossiegate".

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É guerra 1 – A ordem da oposição, ontem, era obstruir todos os trabalhos na Câmara, especialmente nas comissões. Na de Direitos Humanos, um festival de manobras regimentais, discursos e requerimentos atrapalhou a audiência de familiares das vítimas do acidente do metrô de SP. É guerra 2 – Teve de tudo na tumultuada sessão da Comissão de Constituição e Justiça: a leitura da ata da reunião, que normalmente é desprezada pelos parlamentares, foi feita depois do recurso sobre a CPI. Não bastasse isso, recebeu inusitadas emendas de deputados do PSDB. Troco – Paulo Pimenta (PT-RS) apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle convocando o secretário estadual dos Transportes de São Paulo, José Luiz Portela, para prestar esclarecimentos sobre o acidente do metrô. Obstáculo – Lula resiste à fórmula de última hora apresentada pelo PT para manter o comando da articulação política. Tão logo surgiu o nome de Henrique Fontana (RS), líderes de outros partidos da base mandaram recado ao Planalto que preferem Walfrido Mares Guia no posto. DNA 1 – O deputado Odílio Balbinotti (PMDB), que deverá assumir a pasta da Agricultura, não era a primeira opção da bancada do Paraná, que defendia a indicação do vice-governador Orlando Pessuti. DNA 2 – Quem pressionou por Balbinotti foi o ex-deputado José Borba, que renunciou ao mandato na época do escândalo do mensalão. Curiosamente, o futuro titular da Agricultura denunciou o caso dos "pianistas", quando Borba foi flagrado votando para um colega de bancada.

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Próximos capítulos – Além da criação da TV do Executivo, o governo estuda uma grande reformulação da Radiobrás. A estatal deve fornecer pessoal e estrutura para a nova TV, mas não se sabe se ficará ligada à Secom ou diretamente à Presidência. Melhores amigos – Luciana Genro (PSol-RS), que nos tempos de PT era crítica mordaz da política econômica de Lula, ontem conversou longamente com Antônio Palocci (PT-SP) para pedir apoio a um projeto. Solícito, o ex-ministro prometeu analisar. Aliado – Depois de ampliar a bancada na Câmara para cinco deputados, o PAN (Partido dos Aposentados da Nação) deverá ser o novo integrante do conselho político. De saída da articulação política, Tarso Genro autorizou a adesão. Espetáculo – Único deputado efetivamente eleito pelo PAN, Cléber Verde (MA) afirma que até o fim de abril a bancada ganhará mais oito filiações, todas do Nordeste. "As conversas para trazer novos deputados são feitas lá no cafezinho mesmo", explica. Outro lado – O advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, afirma que não houve determinação oficial para que técnicos da AGU pedissem informações ao PFL sobre o mandado de segurança ao STF pela instalação da CPI do Apagão Aéreo.

TIROTEIO

* Do ministro das Comunicações, Hélio Costa, sobre a polêmica causada pelo anúncio de que o governo estuda criar uma emissora de TV para divulgar ações do Executivo.

– Não estamos criando um instrumento no modelo cubano ou venezuelano, de culto à personalidade. Trata-se de uma TV pública.