O frio ajuda, mas não é o único fator que estimula voluntários a se envolverem em ações de distribuição de sopa para pessoas carentes em Curitiba. É, sobretudo, a vontade de ajudar o próximo que tem feito com que grupos, alguns formados apenas por amigos e outros incentivados por instituições religiosas, continuem exercendo a atividade durante o ano todo.
O trabalho, em determinados casos, envolve ainda a arrecadação de roupas e o encaminhamento dos assistidos para recuperação e cursos de capacitação.
Somente o projeto da Associação Turma da Sopa, em atividade na cidade há mais de 20 anos, distribui 400 litros de sopa aos sábados, na região do Uberaba. O empresário Manuel Oms Júnior, que preside a entidade, relata que 25 pessoas se revezam entre a produção e a distribuição do alimento a cada fim de semana. Além da sopa, a equipe entrega pães, salgadinhos e arrecada roupas, cobertores e cestas básicas para as 90 famílias cadastradas.
Aprendizado
O administrador Ricardo de Rocco Czap sustenta que sua visão sobre o próprio voluntariado mudou desde que aderiu ao projeto "Sopão", em Curitiba. Há cinco anos, ele coordena um grupo de 15 pessoas, entre cozinheiras e outros voluntários, que distribui sopa para a população carente.
A entrega ocorre às sextas-feiras, a partir das 20 horas, na esquina da Rua Conselheiro Laurindo com a Engenheiros Rebouças. Cerca de 200 pessoas são atendidas, a maioria delas moradora das vilas Capanema e Torres. "Quando começamos o trabalho, havia uma mentalidade de ensinar algo a elas e vimos que aprendemos muito mais com essas pessoas do que elas com a gente", relata Czap.
O casal de advogados Tatiana Mattos Leão Sória e Luiz Gustavo Sória desenvolvem uma iniciativa semelhante com amigos da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Uma equipe de até 90 pessoas se divide e percorre duas vezes por mês cinco roteiros pré-definidos pela cidade a fim de levar 200 lanches para quem mora nas ruas. O kit é composto por sanduíche, suco, doce e um panfleto sobre o Evangelho. "Nossa ideia não é entregar o lanche e ir embora, mas criar um vínculo, mostrar que eles têm valor e que podem voltar a ter uma vida decente", observa Tatiana.
Ela relata que o trabalho de um ano e meio já vem dando resultados positivos, como o encaminhamento pontual de dependentes químicos para clínicas de tratamento.
Em algumas das visitas, Tatiana e marido também levam os filhos para acompanhar as ações. "Crianças com uma vida confortável precisam entender que algumas pessoas não têm nada. É um trabalho recompensador", diz.