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O leite quente que tanto dói no dente do curitibano é percebido pela maioria das pessoas que moram em Curitiba há menos de seis anos. Segundo a pesquisa da Paraná Pesquisas, 64,9% dos entrevistados disseram perceber facilmente o sotaque de quem nasceu na capital paranaense. A tendência, segundo os especialistas, é este número cair. "O leite está virando leiti. As pessoas adotam o padrão de fala do Rio de Janeiro e São Paulo, que tem mais prestígio", diz o lingüista José Luiz Mercer, coordenador de pós-graduação da Facinter.

O ritmo silábico de duração mais ou menos igual e os "és" bem pronunciados são o que mais diferem a maneira que o curitibano fala. "Não é um jeito propriamente curitibano, praticamente todas as cidades do corredor tropeiro (que vai do Rio Grande do Sul a Minas Gerais) falavam desse jeito. Só que o sotaque foi se perdendo com o tempo, principalmente nas cidades maiores", explica Mercer. Segundo o lingüista, Ponta Grossa é a cidade do Paraná que mais conserva as características do antigo sotaque.

Mudanças

A fonoaudióloga Cida Stier, que trabalha com o treinamento de repórteres e apresentadores de televisão, também acredita que o sotaque do curitibano está mudando. "A mistura de morado-res de outras regiões do país que vieram para cá acaba se refletindo no jeito de falar", diz ela. Cida conta que muitos curitibanos resistem em admitir que têm sotaque "leite quente". "O povo não se percebe como tendo sotaque, tem quem ache feio. Na televisão, a visão atual é a de que a maneira de falar caracteriza a região de onde o repórter está passando a notícia. Uma pessoa treinada para falar totalmente sem sotaque acaba falando sem emoção", avalia.

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