Pela primeira vez desde os anos 1990, São Paulo fechou o ano com uma taxa de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) abaixo da linha de dez mortes para um grupo de 100 mil habitantes e, assim, considerada pelo governo paulista fora da zona epidêmica.
As estatísticas oficiais foram divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública nesta terça-feira (26). Por esses números, o estado fecha os 12 meses de 2015 com uma taxa de 8,73 por 100 mil – a menor desde 1996, desde quando estão disponíveis os dados no site da pasta. O melhor resultado anterior tinha sido em 2014 quando essa taxa foi de 10,06. De acordo com a secretaria, houve 3.757 casos de homicídio em 2015 ante 4.293 em 2014.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que o resultado não é obra do acaso, mas um trabalho da polícia ao longo dos anos. “Às vezes parece que é politicamente incorreto cumprir a lei e elogiar polícia. [...] Quero aqui elogiar o trabalho da polícia. Isso não é obra do acaso. É fruto de muita dedicação. Policiais morreram, perderam suas vidas, heróis anônimos, para que São Paulo pudesse conseguir essa conquista.”
São Paulo já chegou a registrar em 1999 – época de muitas mortes atribuídas ao tráfico de drogas – uma taxa de 35,27 mortes a cada grupo de 100 mil moradores.
No Brasil, segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de homicídio no país era de 26,3 vítimas para um grupo de 100 mil pessoas em 2014, dado mais recente. A maior taxa do país era de Alagoas, com 61,9 assassinatos proporcionais.
A capital paulista também teve redução nos casos de homicídio doloso. No ano passado, a capital registrou 991 casos ante 1.131 em 2014, isto é, uma taxa de 8,56 por 100 mil. Na Grande São Paulo, o resultado foi de 1.064 casos em 2014 ante 898 no ano passado uma taxa de 10,13 a cada grupo de 100 mil habitantes.
A reportagem utiliza a mesma metodologia empregada pelo governo paulista, que calcula a taxa de homicídios pelo número de casos e não pelo número de vítimas.
Um boletim de ocorrência pode ter mais de uma vítima. Em uma chacina de oito mortes, como ocorreu no ano passado em Osasco (Grande SP), por exemplo, o Estado de São Paulo considera como apenas um caso.
Especialistas dizem que o método mais usado internacionalmente considera dados de vítimas e inclui mortos em latrocínios e em confronto com a polícia.
Feita desse modo, a taxa estadual seria ao menos de 11,7 mortes por 100 mil habitantes. A taxa é parcial porque o número de pessoas mortas por policiais do estado em dezembro ainda não foi divulgado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que nunca utilizou a classificação de zona epidêmica. “Nunca dissemos isso e não sei quem disse isso. Absolutamente não. Nem usamos mais o termo epidemia na OMS”, disse Alexander Butchart, coordenador de Prevenção à Violência da OMS, em entrevista anterior à Folha de S.Paulo.
O número de roubos no Estado ficou estável: passou de 311.214 em 2014 para 307.392 no ano passado, uma leve redução de 1,2%.
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