Brasília O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cézar Peluso determinou ontem a prorrogação, por mais cinco dias, da prisão temporária dos 25 presos na Operação Furacão, deflagrada na sexta passada pela Polícia Federal.
A operação envolve autoridades da Justiça, da Polícia Federal e organizadores do carnaval do Rio. Eles são acusados de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro. Entre os presos estão magistrados, bicheiros, policiais, empresários e advogados.
Os advogados dos desembargadores José Eduardo Carreira Alvim e Ricardo Regueiro, do procurador João Sérgio Leal Pereira e do advogado Silvério Néri Cabral Júnior ingressaram no STF com pedido de relaxamento de prisão. Com a prorrogação da prisão temporária, eles continuarão sob custódia da PF.
Os agentes querem tempo para analisar as duas toneladas de documentos apreendidos além de evitar que os acusados possam constranger testemunhas e destruir eventuais novas provas se estiverem soltos. A PF desistiu de tomar ontem os depoimentos de cinco presos. Dos 25 presos, 20 já foram ouvidos 17 no fim de semana e três ontem.
A PF decidiu não apressar os depoimentos dos detidos na operação. É que os depoimentos dados até agora pouco colaboraram com as investigações da PF.
Os detidos têm optado por ficar em silêncio alegando que seus advogados ainda não tiveram acesso aos autos do inquérito.
A expectativa é que os presos passem a colaborar mais daqui por diante, já que o STF autorizou o acesso dos advogados aos autos. Um CD com a cópia do processo foi entregue a eles.
Os presos estão na sede da Superintendência da PF, em Brasília. Eles estão divididos em sete celas. A Polícia Federal procurou não colocar na mesma cela bicheiros e desembargadores para evitar que eles combinassem versões sobre as denúncias que prejudiquem as investigações.
A superintendente da PF, em Brasília, Walquíria Souza, rechaçou as críticas dos advogados dos presos, especialmente dos três magistrados e dos advogados, de que eles não estão recebendo o tratamento a que têm direito.
Ela explicou que existe um padrão na Superintendência da PF que é seguido por todos os presos, "independentemente de ser juiz, todo mundo é tratado igual".
Walquíria contou ainda que quando foi comunicada da vinda dos presos para Brasília teve que transferir 30 detentos para abrir espaço na sede da PF e comprar colchões de última hora para receber os acusados.