Brasília (Folhapress) O sub-relator da CPI dos Correios, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), apontou ontem a participação de fundos de pensão no suposto esquema do "mensalão". Porém, os petistas da CPI discordaram dos dados apresentados, acusaram o relator de direcionar a investigação e acabaram por bater boca com ACM Neto.
Os dados expostos ontem apontam concentração de investimentos dos fundos de empresas estatais nos bancos BMG e Rural nos anos de 2003 e 2004. Na avaliação do sub-relator, seria um prêmio para as duas instituições financeiras pela participação no esquema do suposto "mensalão".
"Nos parece inequívoco que em 2004 houve direcionamento para os fundos investirem recursos nessas instituições", afirmou ACM Neto. "Por terem admitido correrem os riscos que correram e participarem dos esquemas espúrios que esta CPI investiga, esses bancos foram premiados pelos investimentos dos fundos de pensão", reiterou.
A Funcef, por exemplo, não investiu no BMG ou Rural em 2000, 2001, 2002 e 2003. Em 2004, as aplicações somaram R$ 22,3 milhões os dados não consideram a inflação do período. A Previ não havia feito aplicações até 2003. Em 2004, o fundo aplicou R$ 60 milhões nas duas instituições financeiras.
No total dos investimentos dos fundos de pensão investigados, incluindo a renovação de aplicações, os valores somam R$ 239,6 milhões, em 2002, passando para R$ 48,8 milhões, em 2003, e batendo R$ 533,6 milhões em 2004.
No BMG, a variação de 2002 para 2004 somou R$ 158 milhões. No Rural, os investimentos dos fundos passaram de R$ 115,5 milhões no último ano do governo passado para R$ 251,2 milhões em 2004. ACM Neto afirmou que os documentos obtidos pela comissão apontam, inclusive, coincidência de investimentos nos bancos com saques feitos das contas do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza entre março e outubro de 2004.
Os petistas que estiveram na reunião em que os dados foram apresentados disseram discordar do documento. A contestação mais incisiva partiu da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC). "Os números não mentem jamais, mas eles podem ser ajeitados para mostrar o que a realidade não sustenta", afirmou a senadora.
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