Ontem, Rejane Neppel Godoy completou 44 anos, mas, em vez de bolo, os parentes esperavam por uma ligação telefônica que pudesse dar pistas de onde ela está. Rejane desapareceu misteriosamente no dia 5 deste mês, e até agora não há notícias sobre o seu paradeiro. Rejane é psicóloga e funcionária pública da prefeitura de Curitiba, trabalha no setor de saúde educacional da Secretaria de Recursos Humanos. No dia 5 saiu para almoçar às 12h07 e deixou tudo como estava no posto de trabalho: computador ligado, apostila aberta com marcação da página onde havia parado de ler e gavetas destrancadas. Nas câmeras de segurança do Edifício Delta, onde Rejane trabalha, há imagens que registram o momento em que ela saiu do prédio, seguindo pela Avenida João Gualberto no sentido do Colégio Estadual. Ela foi a pé, levando a bolsa e o celular, mas nunca mais voltou.
O primo Waldemar Sontag conta que a família de Rejane desconfiou do sumiço apenas à noite. "Ela não retornou ao trabalho pela tarde, mas ninguém nos comunicou. Como ela demorou para chegar em casa, esperamos até meia-noite porque acreditávamos que ela poderia ter saído com as amigas. Como não apareceu, começamos a procurá-la", conta. Dois dias depois foi feito o boletim de ocorrência e, a partir daí, a família procurou pela psicóloga com parentes e em hospitais, no Instituto Médico Legal (IML), no Corpo de Bombeiros e em diversos pontos da cidade onde ela poderia estar. "Neste último fim de semana descemos a Paranaguá e começamos a procurá-la na região metropolitana. Ela não tem problemas com drogas ou de saúde (esquizofrenia ou amnésia). Também não tem motivos para fugir", diz Sontag.
Conta bancária
Rejane tem um carro, mas o veículo ficou em casa todas as roupas dela estão intactas. Segundo o primo, ela tinha dinheiro na bolsa, mas era uma quantidade pequena. "A conta bancária dela, onde está o dinheiro do salário, está sendo monitorada pela polícia. Mas até agora não foi feita nenhuma movimentação", afirma Sontag. A psicóloga é solteira e morava com a mãe (de 73 anos) e o irmão há dois anos havia perdido o pai. Rejane tem um namorado de longa data e ele também está ajudando a procurá-la. "Não trabalhamos com nenhuma suspeita, ela tinha uma vida muito tranquila. Era caseira e dificilmente saía, a não ser com as amigas do trabalho para um happy hour", conta o primo.
O delegado que cuida do caso, Jaime da Luz, da Delegacia de Vigilância e Captura, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que trabalha a partir de três linhas de investigação que não serão divulgadas. Ele só vai falar sobre o assunto quando o caso estiver solucionado.
Fuga
O site desapareceu.org registra, por dia, cerca de dez cadastros de pessoas que sumiram no Brasil. O dado não tem valor estatístico, mas, como não há um banco de dados do governo sobre o assunto, o site, que tem 25 mil cadastros, se torna termômetro para medir a quantidade de pessoas que somem diariamente. O criador do site, o técnico em informática Stylianos Mandis Junior, de São Paulo, decidiu inventar a página para ajudar as pessoas que enviavam, por e-mail, fotos de gente desaparecida. Segundo ele, as maiores causas de desaparecimento são problemas de saúde em que a pessoa esquece sua identidade ou fuga. "Já houve quem ligasse para mim dizendo: Me tira deste site porque não sou desaparecido. Eu fugi mesmo", conta.
Em Curitiba, pelo menos um caso de desaparecimento parece mesmo ter sido uma fuga. Elisabeth Melo Rodolfo, 12 anos, e Thaiza Caroline dos Santos, 11 anos, sumiram na quinta-feira da semana passada no bairro Cajuru. "A Thaiza veio para a aula de reforço pela manhã e deveria voltar à tarde para a aula normal, mas não retornou. A Elisabeth não apareceu na escola", conta a diretora do colégio onde elas estudavam, Karime Gaertner Farhat. As duas teriam se encontrado ao meio-dia, uma delas teria deixado um bilhete para a mãe, e ambas teriam fugido. O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), da Polícia Civil, investiga o caso, mas a delegada responsável estava viajando ontem. Os pais das meninas também não foram localizados.
Serviço:
Informações sobre Rejane devem ser repassadas para (41) 9671-6488 (falar com Waldemar) ou (41) 3219-9700 (Delegacia de Vigilância e Captura). Informações sobre Elisabeth e Thaiza devem ser repassadas ao Sicride: (41) 3224-6822.