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Oil Man em frente de casa, no bairro Bacacheri: com a morte do pai, em março, Nelson Rebello diminuiu o ritmo das pedaladas. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Oil Man em frente de casa, no bairro Bacacheri: com a morte do pai, em março, Nelson Rebello diminuiu o ritmo das pedaladas.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Oil Man está recluso. A ponto de o bronzeado que consagrou o personagem mais famoso de Curitiba estar desbotado. Não se trata da aposentadoria da sunga, da bicicleta e do óleo para besuntar o corpo. Mas as incursões de Nelson Rebello, o alter ego do Homem Óleo, como ele se refere a si mesmo, já não são tantas como antigamente.

Nos últimos meses, as pedaladas pela cidade têm sido poucas. Por mês, apenas três. No auge, chegou a 20. As distâncias também estão bem mais curtas. Os 40 km que fazia ida e volta de casa viraram só 10 km.

A Gazeta do Povo visitou a casa do Oil Man. Confira imagens

“Houve uma mudança nos meus hábitos desde março, quando meu pai faleceu”, explica sobre o motivo do sumiço do Oil Man. “Tem sido difícil interagir com o público ultimamente. A gente é adulto, mas quando tem os pais, se sente sempre protegido”, lamenta Nelson, que, na realidade, vem diminuindo as saídas de bicicleta desde 2010, quando perdeu a mãe.

O tempo, que antes era quase exclusivo para as pedaladas, agora ele divide entre a manutenção das oito bicicletas, as Oil Bikes – todas em uso –, e principalmente, os cuidados da casa onde cresceu, no bairro Bacacheri, em que agora vivem só ele e Leo, um pit bull de seis anos que de assustador tem apenas o tamanho.

Oil Man e Oil Dog: pit bull Leo tem sido a melhor companhia de Nelson nos últimos meses.Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

“Esse cachorro tem uma personalidade muito parecida comigo. É grande, forte, mas também doce e gentil”, compara. “Nos últimos tempos, o Leo me ensinou muito sobre amizade e lealdade. Ele tem sido um grande companheiro”, afirma Nelson, que não furta do animal de estimação o título de Oil Dog. “Ele tem um físico bonito. Um peitoril forte. Me espelho nele nos treinos”, admite.

As sessões de musculação nos aparelhos instalados no quarto da casa, aliás, têm sido hoje a principal atividade física de Nelson para tentar reduzir o peso. Com 1,86 m e atualmente com 108 kg, ele espera chegar nos próximos dias a 100 kg. Quando voltar a pedalar no ritmo normal, a meta é baixar para 94 kg. “Para sair pedalando numa boa, como era no começo, tenho que estar mais preparado”, admite.

Em dezembro, Nelson faz 56 anos, 19 dos quais caracterizado como Oil Man. O personagem completa duas décadas em agosto de 2017. Mas por pouco não deslanchou. Ele teve dificuldade de se adaptar à bicicleta quando decidiu praticar uma atividade de baixo impacto para não agravar sequela de uma fratura no tornozelo.

“Comprei a primeira bicicleta em 1994 e vendi seis meses depois. Não gostei da solidão de pedalar, ainda mais para mim, que vinha de um esporte coletivo”, afirma o ex-jogador amador de basquete, fã do pivô Moses Malone, considerado um dos 50 maiores jogadores da história da NBA, a liga americana de basquete. “Eu imitava a forma dele de jogar, com muita força, cavando faltas”, compara.

A bicicleta só entrou de vez na vida de Nelson em 1997, inicialmente, com pedaladas curtas em Matinhos, no Litoral. “Aí foi para eu levar a sério realmente. Mas eu não tinha a menor intenção de ficar famoso”, ressalta.

Na mesma época, Nelson escutou pela primeira vez de alguns jovens em um bar o termo que o consagrou. “Quando passei, ouvi uma moça me chamando de ‘Oil Man’ e na hora me veio um estalo que esse denominação era boa. Achei interessante”, recorda.

Desde então, o biólogo Nelson Rebello, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1989, se tornou o Oil Man e ganhou uma rotina que até então não conhecia, de ser abordado na rua por pessoas que para conversar e tirar fotos. “Ultimamente, muitas pessoas têm me perguntado se eu desisti do Oil Man. Mas é o contrário. Estou me preparando, me cuidando para voltar e continuar por muito mais tempo ”,avisa Nelson aos curitibanos carentes do personagem.

Óleo

A frequência menor de pedaladas fez com que o Oil Man perdesse consideravelmente o bronze. Mas há dois anos, Nelson Rebello, o homem debaixo do personagem, tem um segredo para manter a cor da pele morena quando sai de casa, no bairro Bachaceri, de sunga e bicicleta.

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

“Tenho usado uma pigmentação especial. Realmente, estou muito branco. Por isso uso esse produto para se aproximar da minha cor original”, admite.

A fórmula do bronzeado artificial ele não revela. Diz apenas que, assim como o bronzeador comprado na farmácia, é à base de óleo – como não poderia deixar de ser para não descaracterizar o personagem. “Não posso revelar a receita. É secreta, feita por uma pessoa da área artística que me indicou. Prometi que não revelaria”, limita-se a explicar, sem dar pista da origem do falso bronze.

O tom gerado pelo óleo secreto, entretanto, dura pouco. Sai no banho. Além disso, o produto bloqueia o sol, o que impede que o Oil Man recupere o bronze natural.

O óleo, junto com a sunga, que compõem o “uniforme” do Oil Man, chamam a atenção. Só que muitas vezes de forma pejorativa. “Tem muita chacota com o personagem, muito preconceito. Mas tenho que manter a consciência boa. A minha reação é o olhar e as pessoas percebem”, revela Nelson.

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