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Educação

Superação é o segredo do 2.º melhor Enem do PR

Com Paola e Bruno no colo, a turma de 2010 do curso técnico em petróleo e gás do Sept comemora o bom resultado no Enem 2012 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Com Paola e Bruno no colo, a turma de 2010 do curso técnico em petróleo e gás do Sept comemora o bom resultado no Enem 2012 (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

O Setor de Educação Profis­sional e Tecnológica (Sept) da Universidade Fede­ral do Paraná (UFPR), a antiga Escola Técnica, surpreendeu no mês passado ao conquistar o segundo lugar entre as escolas do Paraná no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Foi a melhor escola pública ranqueada no estado. Um desempenho impressionante obtido graças à turma do curso técnico em petróleo e gás, que somou as melhores notas entre todos os cursos da instituição.

Nas áreas de Matemática e de Ciências da Natureza, que incluem as disciplinas de química, física e biologia, o desempenho dos alunos do Sept se destaca. Enquanto a nota média do Brasil em Matemática é 538,1, a da antiga Escola Técnica da Federal é 727,1. Em Ciências da Natu­reza as notas são 489,4 e 647,1, respectivamente.

Para a coordenadora do curso, Giselle Munhoz Alves, os estudantes de petróleo e gás foram cobaias e heróis ao mesmo tempo. Segundo ela, eles tinham uma "deficiência monumental" nos estudos quando entraram. E isso foi em uma época em que o curso estava sendo estruturado e enfrentava diversos problemas. "Faltava laboratório, sala de aula e nosso quadro de professores estava incompleto. Essa turma sofreu tudo o que podia e ainda assim conseguiu superar", lembra.

Dedicação

A estudante Paola Yasmin Stival se recorda muito bem dessa época. Então com 14 anos, ela deixou a escola pública em Almirante Taman­daré para estudar no Sept, em Curitiba. Foi um choque, diz. Sobretudo pela qualidade e quantidade do conteúdo oferecido. Hoje reconhece que não estava preparada para tudo aquilo.

"Alguns amigos se inscreveram e eu fui no embalo, nem tinha ideia do que estava fazendo. Ao entrar, minhas notas eram terríveis e eu achava que não ia conseguir me formar em três anos. Só não desisti porque os professores ajudavam muito", recorda Paola, que ingressou no curso técnico em petróleo e gás.

Metade das 30 vagas era destinada a estudantes de escolas públicas de Tamandaré. Assim como ela, outros estudantes também não conseguiam acompanhar o ritmo. Foi quando a coordenação do curso promoveu testes de nivelamento e aulas de reforço de matemática, química e física.

"Quando lancei o reforço de maneira optativa, achei que conseguiria 10 ou 15 alunos de Almirante Taman­daré, mas todos os 30 se inscreveram. Até tivemos problemas de falta de espaço", lembra o professor Adriano Rodrigues de Moraes, que ministrou dois semestres de física experimental. Foi aí que a turma deslanchou.

Hoje com 18 anos, Paola quer mais. Ela está terminando o primeiro ano de Química na UFPR e já pensa na área que vai seguir depois. Boa parte de seus colegas já está cursando alguma graduação – a maioria escolheu engenharia.

Alunos aplicam conhecimento nos estágios

Enquanto os alunos de ensino médio de colégios regulares estão focados no vestibular, o objetivo no curso técnico em petróleo e gás da Sept é a aplicação do conhecimento adquirido em sala. As turmas têm aulas todas as manhãs e em algumas tardes, mas o comum é o estudante passar o dia todo no câmpus, seja envolvido em alguma atividade, na biblioteca ou se distraindo com os colegas.

Ultrapassando as paredes da sala de aula, as atividades também envolvem viagens e visitas técnicas, sobretudo em indústrias. Além disso, eles devem cumprir 248 horas de atividades práticas, concentradas durante o segundo e o terceiro ano, explica o professor de Química José Luis Guimarães, responsável pelos estágios.

Os estágios acontecem via programa de voluntariado e, geralmente, os alunos passam o tempo dentro dos laboratórios da própria UFPR. De acordo com o professor Adriano Rodrigues de Moraes, essa é uma experiência engrandecedora para eles, que podem trabalhar em ambientes de pesquisa lado a lado com doutorandos e pós-doutorandos. Esse também é um diferencial para o Sept: a maior parte dos professores tem doutorado.

Experiência

O aluno Bruno Tibola Galdino, 19 anos, acabou de passar seis meses como estagiário da Petrobras por indicação de uma professora do curso. Bruno também entrou no curso em 2010, mas ainda não se formou porque cumpre dependência em Química 6.

"Meu ensino fundamental foi muito carente de conteúdo e de cobrança dos professores, mas felizmente segui o exemplo do meu irmão que tinha feito um curso técnico e hoje estou me formando. Agora quero tentar Engenharia Civil e continuar aplicando tudo o que já aprendi", conta.

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