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Educação

Superlotação antipedagógica

Com sala lotada, professora da Escola Estadual Cecília Meireles disputa espaço com as carteiras dos alunos em Curitiba | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Com sala lotada, professora da Escola Estadual Cecília Meireles disputa espaço com as carteiras dos alunos em Curitiba (Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo)

O fechamento de algumas turmas nas escolas estaduais do Paraná tem deixado salas de aula superlotadas e professores e alunos descontentes com a queda na qualidade do ensino. Na última semana, três classes da Escola Estadual Cecília Meireles, em Curitiba, foram fechadas: uma do 5.º ano, outra do 7.º – ambas do ensino fundamental – e uma do 1.º ano do ensino médio. Os estudantes das turmas encerradas foram colocados em outras e as salas de aula ficaram lotadas.

"Aumentar ainda mais o número de alunos em sala é dificultar o trabalho do professor e colocar em xeque a qualidade do ensino", afirma uma educadora da escola que não quis ser identificada.

As salas de aula das escolas estaduais do Paraná costumam ter cerca de 35 alunos, mas, com o fechamento de algumas turmas, o total fica entre 40 e 45 alunos. A medida, além de antipedagógica, segundo profissionais da área, desrespeita a Resolução 318 da Vigilância Sanitária, que exige que o intervalo entre cada carteira seja de 1,2 metro quadrado (m²), ou seja, uma sala com 35 m² não poderia ter mais de 29 alunos.

Reportagem publicada em janeiro de 2008 na Gazeta do Povo mostrava que as escolas estaduais não cumpriam a resolução, contudo, na época, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) se comprometeu a resolver o problema ainda naquele ano. A Seed, desta vez, não quis se pronunciar sobre o assunto.

Protestos

Desde o mês passado, quando algumas turmas começaram a ser fechadas, alunos e professores têm protestado. Na última terça-feira, estudantes do Bairro Alto saíram às ruas para pedir o fim do fechamento das turmas. "Estão colocando duas salas em uma só. É desumano", afirma o estudante Darlan Baia, secretário-geral da União Paranaense dos Estudantes (UPE).

Em agosto, quando a medida começou a ser tomada, a Seed afirmou que orientou os chefes dos Núcleos Regionais de Educação a fazerem um levantamento para identificar o número de turmas, alunos e professores com o intuito de otimizar o espaço nos colégios e, assim, ampliar o contraturno. As turmas que tinham poucos alunos seriam fechadas. "Aqui no Cecília Meireles tínhamos uma turma pequena e concordamos com a junção, mas as outras duas turmas tinham quase 30 alunos cada", afirma a educadora.

Outras escolas estaduais, como a Algacyr Maeder, temem que algumas turmas da noite também sejam fechadas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) se posicionou contra a atitude da Seed e afirmou que tem conseguido reverter algumas situações. Segundo o APP, seriam cerca de 100 turmas fechadas no estado, mas até agora há o levantamento de seis que fecharam em Foz do Iguaçu.

A pedagoga Marilda Behrens lembra que o ideal seria existir turmas com 25 alunos. "Até 30 é aceitável, mais do que isso é impossível trabalhar com metodologias inovadoras, que exigem trabalho coletivo. O problema é ainda maior se o caso atingir o ensino fundamental", afirma.

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