Superlotação nos horários de pico, ônibus em número insuficiente e demora são as principais reclamações dos usuários do transporte coletivo de Curitiba e dos 13 municípios que compõem a Rede Integrada de Transporte (RIT). Os dados fazem parte de uma pesquisa encomendada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Curitiba e Região (Setransp), que será apresentada hoje, no segundo dia do 2.° Fórum de Transporte Curitiba, no Estação Embratel Convention Center.
O levantamento indica ainda que 85,75% dos usuários não sabem que a prefeitura tem a intenção de abrir uma licitação para a contratação das empresas que operam o sistema. Mesmo assim, a maioria dos ouvidos (52,76%) não acredita que a concorrência possa ajudar a solucionar os problemas apontados. A opinião muda, no entanto, quando a pergunta é sobre os possíveis benefícios que a licitação poderá gerar. Para 64,21%, haverá mais ônibus circulando; para 32,19%, a tarifa será reduzida.
Apesar dos problemas apontados, 53,23% dos usuários avaliam o sistema de transporte coletivo como "ótimo" ou "bom", e apenas 17,47% como "ruim" ou "péssimo". Entre os curitibanos que aprovam o sistema, os principais pontos positivos destacados são a integração do sistema e o grande número de ônibus. Já entre os que têm uma avaliação negativa, as reclamações mais freqüentes são em relação à superlotação e à falta de ônibus. Foram ouvidas 2.358 pessoas, entre os dias 3 e 12 de setembro.
Infra-estrutura
Para o presidente do Setransp, Rodrigo Corleto Hoelzl, os problemas apontados indicam que o poder público deve voltar a investir em infra-estrutura. "O sistema foi buscar passageiros na região metropolitana, mas a mesma estrutura é mantida há três décadas. E a frota de veículos nas ruas aumentou", afirmou. Hoelz citou a queda na velocidade operacional como uma das causas da falta de investimentos. "Há dez anos, a velocidade média era de 26 a 28 quilômetros por hora. Hoje, está entre 15 e 17. Com isso, é preciso ter mais ônibus rodando, o que aumenta os custos."
O presidente da Urbs (empresa ligada à prefeitura de Curitiba que gerencia o sistema), Paulo Schmidt, tem outra versão para a ausência de soluções imediatas. Segundo ele, as propostas encaminhadas pelas empresas levam em conta somente o aumento nos custos. Para Schmidt, melhorias no sistema passam por uma licitação. "Produtividade é muito diferente de margem (de lucro), inclui uma busca permanente na redução de custos."
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), o projeto que define como será a licitação deverá ser concluído até o fim do ano. No dia 20 de novembro será realizada a última audiência pública para a anexação de propostas. Depois disso, as emendas serão analisadas pela comissão que analisa o projeto e o tema irá para votação em plenário.
O presidente do Setransp, Rodrigo Hoelzl, reclamou que o processo foi pouco debatido com as empresas. "Não se discutiu o que se pretende. A prefeitura propôs começar a discussão pelo final." Paulo Schmidt, da Urbs, lembrou que a contratação mediante licitação é uma obrigação legal. "Toda melhoria no sistema depende da capacidade de investimento do poder público. Para que a prefeitura tenha respaldo em seus investimentos, é preciso que o setor de transporte concorde com os princípios básicos."