Depois das meninas em 2014, chegou a vez dos meninos serem vacinados contra o vírus HPV. Desde o dia 1º de janeiro, o imunizante está disponível na rede pública de saúde para os adolescentes com idade de 12 a 13 anos. A inclusão do sexo masculino no programa de vacinação nacional tem por objetivo, segundo o coordenador estadual do Programa de Imunização no Paraná, João Luís Crivellaro, garantir uma proteção coletiva, uma vez que o vírus pode ser transmitido tanto pelo homem como pela mulher.
Além do câncer de útero na mulher, o HPV pode provocar uma série de enfermidades entre os homens, como câncer peniano, anal e de garganta.
“A vacina irá ajudar a proteger todas essas pessoas que tiverem relações sexuais depois”, comenta Crivellaro, ao assinalar, no entanto, que o imunizante não dispensará o uso do preservativo - importante para evitar gravidez indesejada e outras doenças sexualmente transmissíveis. “O próprio HPV tem mais de 200 tipos de vírus. A vacina protege contra quatro deles. Dois ligados a verrugas, o 6 e 11, e dois relacionados ao câncer, o 16 e 18”, completa o coordenador.
O HPV é transmitido através do contato direto com pele ou mucosas infectadas na relação sexual. Também pode ser transmitido de mãe para filho no momento do parto.
A meta do Ministério da Saúde, conforme Crivellaro, é ampliar a vacinação de meninos até 2020, quando devem ser oferecidas doses para a faixa etária de 9 a 14 anos. Ao garantir a aplicação nesta idade, a vacina teria uma eficácia melhor no organismo do público-alvo. “Ao mesmo tempo, há uma segurança maior pelo jovem ainda não ter tido contato sexual”, assinala.
Esquema
As vacinas disponíveis hoje para meninos de 12 e 13 anos já fazem parte do calendário de rotina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e não de uma campanha específica. Ao todo, são necessárias duas doses, com intervalo de seis meses. O mesmo esquema vale para as meninas. Até o ano passado, poderiam receber as doses garotas de 9 a 13 anos. A partir deste ano, no entanto, a faixa subiu para 9 a 14 anos.
“É importante que os pais estimulem os filhos a buscar essa vacina, já que, nessa idade, eles não costumam ir atrás de serviços nas unidades de saúde”, reforça Crivellaro.
Portadores do vírus HIV e Aids, na faixa etária de 9 a 26 anos, também estão aptos a receber o imunizante nos postos de saúde. Neste caso, são oferecidas três doses, sendo a segunda com intervalo de dois meses e, a terceira, após seis meses. É necessário apresentar prescrição médica.
Estratégia
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a oferecer a vacina contra o HPV a meninos em um programa nacional de imunização. Neste ano, devem ser vacinados cerca de 3,6 milhões de meninos, além de 99,5 mil crianças e jovens com HIV e Aids. Cerca de R$ 288,4 milhões foram investidos em seis milhões de doses da vacina.
De acordo com estimativas da Organização Mundial de Sáude (OMS), há aproximadamente 290 milhões de mulheres no mundo portadoras de HPV, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18 do vírus. Quando o assunto é câncer do colo do útero, estudos apontam que 265 mil mulheres morrem anualmente devido à doença em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima 16 mil novos casos por ano.
Entre os homens, o câncer de boca e garanta são o sexto tipo no mundo, com 400 mil casos por ano e em torno de 230 mil mortes. Mais de 90% dos casos de câncer anal podem ser atribuídos à infecção pelo vírus HPV.