Apesar da constatação de irregularidades no silicone da marca francesa Poly Implants Protheses (PIP), o Brasil não trata o caso com urgência, ao contrário do governo francês, que convocou todas as pacientes para fazer a remoção imediata das próteses. A França vai arcar com o custo da troca dos implantes.
Segundo o Ministério da Saúde, a orientação é que as pacientes procurem o serviço onde foram atendidas na época de colocação da prótese e sigam as recomendações médicas. O órgão evita dizer se o governo vai custear ou reembolsar as substituições preventivas de próteses no país. A assessoria do ministério informa apenas que tanto mulheres que se submeteram à mastectomia (cirurgia de reparação do seio) com silicone PIP pelo Sistema Único de Saúde (SUS), quanto as pacientes que apresentaram problemas de saúde por causa do material mas colocaram o silicone por motivos estéticos em clínicas particulares têm o mesmo direito de atendimento na rede pública. As informações sobre custeamento ou ressarcimento dos gastos de novas cirurgias divulgadas até agora são falsas, alerta o ministério.
A Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Produtos de Saúde não relaciona o material a uma maior incidência de câncer. Porém, permanece o alerta de que em caso de ruptura o risco de inflamação é maior. "Isso [a adulteração] é gravíssimo. O silicone industrial é um produto muito mais barato do que o silicone médico e tem uma quantidade de resíduos maior. Não se sabe quais são as impurezas deste tipo de material", diz o cirurgião plástico e dono de uma fábrica de implantes de silicone em Curitiba Jorge Wagenführ Júnior.
Em março de 2010, a fábrica francesa foi fechada e em abril do mesmo ano a importação do produto foi cancelada no Brasil. Mas o país já havia importado 34.631 unidades da PIP, das quais 2.084 foram destinadas ao Paraná.
Tira-dúvidas
Entenda a polêmica e os riscos envolvendo as próteses da Poly Implants Protheses (PIP)?
Por que foi feito um alerta sobre a prótese PIP?
A PIP possui sete vezes mais chances de ter um rompimento precoce, ou seja, em menos de três anos de uso. Isso acontece porque o material da prótese francesa não é totalmente coesivo. Inicialmente, continha um silicone aprovado pelos órgãos de fiscalização, mas não se sabe há quanto tempo o produto passou a usar silicone industrial.
Como a paciente com PIP deve proceder?
Entre em contato com o médico responsável pela cirurgia para a realização de exames que vão detectar a presença de rupturas e a necessidade de troca. O médico pode solicitar uma ressonância magnética, ultrassonografia ou ecografia.
A ruptura do implante é sempre maligna para a paciente?
Não, mas exige uma cirurgia para a troca do material. O silicone médico, quando rompido, possui uma reação inflamatória mínima e, por isso, a troca pode ser feita sem urgência. Já o silicone industrial ou de baixa qualidade pode provocar um processo inflamatório mais sério e sua retirada é mais difícil, o que exige uma cirurgia maior.
A paciente percebe o silicone rompido?
A ruptura costuma ser indolor e a paciente pode não perceber. Os sinais físicos do rompimento são amolecimento da mama e perda do formato do silicone. O produto de baixa qualidade rompido por muito tempo pode penetrar nos tecidos e causar reações inflamatórias intensas. Quando a ruptura é detectada no início, a cirurgia é simples. Quando o rompimento já ocorreu há muito tempo, em casos graves é necessário retirar a mama.
Silicone rompido pode causar câncer?
Não existem provas da relação entre o implante de silicone e o câncer. O rompimento não causa problemas sistêmicos, apenas locais.
O que fazer se a prótese não apresentar ruptura?
Uma prótese íntegra não precisa ser trocada com urgência. O implante deve ser acompanhado e a paciente deve se programar para trocar a prótese futuramente, com calma, mesmo sem a ocorrência de um rompimento.
Fontes: Ruth Graf, cirurgiã plástica; Cícero Urban, mastologista e oncologista; e Jorge Wagenführ Júnior, especialista em implantes mamários.
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