Acusada de ser uma das cabeças do grupo de skinheads que vem praticando agressões sistemáticas a negros, judeus e homossexuais em Curitiba, a auxiliar-administrativa Edwiges Francis Barroso, 26 anos, diz ter partilhado do ideário "nazi-skin" há uns dez anos, mas que hoje sua participação se resume a duas tatuagens – que ela pretende remover – e a "encontros com amigos para conversar e beber cerveja".

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Ela nega a participação no ataque que feriu com golpes de tesoura um estudante negro e homossexual no dia 18 de setembro, mesmo tendo sido reconhecida por ele. "Eu conheço a pessoa que o agrediu, ela está com o nosso advogado, vai se apresentar e assumir a autoria", respondeu Francis aos jornalistas, aparentando tranqüilidade.

A acusada também negou ter espalhado adesivos racistas, mas admitiu que parte do material apreendido pelo Cope pertence a ela e ao companheiro. "São coisas da época, fotos tiradas há mais de quatro anos e material particular nosso. Cadê a liberdade de expressão que vocês tanto pregam?", questionou.

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Francis, que diz ser descendente de alemães por parte de pai e mãe, recusa o rótulo de racista. "Sou ‘racialista’. Defendo que, da mesma forma que os negros pregam o orgulho negro, nós também tenhamos o direito de ter orgulho de ser branco". Ela também diz se opor à violência e à discriminação racial. "Não tenho nada contra os negros, só não gostaria de me casar com um deles", comentou.

Organização

Mãe de uma filha de 9 anos e de um filho de 2, que aparecem em fotos fazendo a saudação nazista, Francis confirma a atuação de grupos de skinheads na capital e a relação deles com grupos de outros estados. "Existe sim um grupo bem organizado. Hoje em Curitiba são cerca de 50 skinheads ativos, violentos e que querem carnificina", revelou.

Na opinião da jovem, a prisão dela e dos amigos seria obra de pessoas do "alto escalão" que os estariam ameaçando, caso eles resolvessem denunciá-los. "Nos pegaram para bode espiatório, mas nós vamos colaborar com a polícia", prometeu. Segundo Francis, o grupo contaria ainda com a "retaguarda" de políticos, promotores e advogados. "Tem gente grande", garantiu. "Nós não participamos mais, mas as pessoas nos procuram porque nós somos os mais antigos."

A moça informou ainda que os adesivos do "orgulho branco" vieram de São Paulo e disse conhecer quem recebe as encomendas, distribui e ainda acolhe carecas de outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. "É uma menina de 18 anos muito rica, que ganhou uma herança e usa sua casa para receber o material, hospedar o pessoal de outros estados e dar ajuda financeira", contou. "Para mim foi ela quem patrocinou e a família dela sabe." Francis prometeu que vai colaborar com a polícia e provar sua inocência. (LP)

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