Começa nesta quarta-feira (27), às 13h, o primeiro Tribunal de Júri no Paraná que envolve um caso de atuação de milícia privada no campo. Jair Firmino Borracha é acusado pelo assassinato do trabalhador rural Eduardo Anghinoni, morto em 1999. O crime ocorreu em Querência do Norte, cidade do Noroeste do Estado. O julgamento do caso é inédito no Paraná.

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Anghinoni foi morto no assentamento de Pontal do Tigre ao ser confundido com o irmão, Celso Anghinoni, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado. O acusado é um suposto pistoleiro contratado por uma empresa de segurança privada para cometer o crime. O irmão da vítima estará presente nesta quarta-feira em Curitiba para o julgamento. Uma comitiva do MST prepara uma manifestação na capital.

Borracha chegou a ser preso durante os trâmites de investigação do assassinato. De acordo com o advogado Fernando Prioste, que atuará na acusação, no momento da prisão, o suspeito empunhava uma arma, de onde teria partido a bala que matou o trabalhador rural. "A partir de um exame de balística ficou comprovado que a bala que atingiu a vítima veio da arma que pertencia a Borracha".

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De acordo com a Organização Não Governamental (ONG) Terra de Direitos, apesar das evidências e testemunhas, Borracha permaneceu em liberdade por conta de "artifícios utilizados no Judiciário". Segundo Prioste, o suspeito dificilmente ficará livre das acusações. "As provas contra ele são contundentes, tanto por parte das testemunhas quanto o resultado da perícia".

No julgamento serão ouvidas cinco testemunhas de acusação e outras duas de defesa. Além de Prioste, também atuarão no caso como parte acusadora os advogados Aton Fon Filho e Luiz Eduardo Greenhalgh. A promotoria de justiça ficará por conta de Mauro Bauzer e a defesa de Borracha será do advogado Lauro Antonio Schleder Gonçalves.

Histórico de violência

Segundo a Terra de Direitos, a região de Querência do Norte ficou conhecida por crimes contra trabalhadores rurais na década de 1990. A ONG informa que durante o mandato do ex-governador Jaime Lerner (1995-2002) 16 trabalhadores rurais foram assassinados. Com a violência na área rural do Noroeste do Paraná, o Brasil chegou a ser condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Ainda de acordo com a ONG, outros assassinatos na região estão sob análise do órgão internacional.

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