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violência contra a mulher

Suspeito de estupro coletivo se entrega e usa Facebook para negar participação

 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O ex-cinegrafista Raphael Duarte Belo, de 41 anos, acusado de ter participado do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio, entregou-se na manhã desta quarta-feira (1) à polícia. Em carta encaminhada ao perfil Jacarepaguá Notícias RJ, no Facebook, ele nega participação no estupro e pede desculpas por ter feito a foto ao lado da jovem nua.

Na carta, ele disse que foi à boca de fumo no domingo (22) pedir autorização para realizar uma matinê na Quadra do Francão, local onde ocorrem bailes funks. Estava acompanhado por Raí de Souza, de 22 anos, outro acusado do crime e já preso.

“Ao chegar a um beco, à direita, estava a casa abandonada, aberta, toda suja, fedendo a fezes e com uma mulher nua”, escreveu Belo, que trabalhou na Rede Globo, de onde foi demitido em 2015. Ele hoje é dono de um lava jato.

De acordo com Belo, havia um rapaz no local, conhecido como Jefinho (identificado por Raí de Souza como traficante). Ele teria dito: “Tem uma mulher aí que não quer ir embora, está desde o dia do baile”. “Entramos os três. Ela estava deitada, nua, dormindo, muito suja, e com os cabelos embolados. Parecia uma ‘cracuda’ ou mendiga. O Raí puxou o celular e começou a gravar, ela começou a se mexer e acordar. Aí paramos e fomos embora.” O ex-cinegrafista escreveu que “foi mais uma zoação, brincadeira” e que eles não a machucaram.

Raí deu outra versão à polícia. Contou que manteve relações sexuais com a adolescente e teria voltado à favela por estar preocupado com ela. Segundo a sua versão, Jefinho teria feito as imagens e não ele.

Na carta encaminhada ao Jacarepaguá Notícias RJ, Belo relata ainda que, na quarta-feira (25) ele almoçava na porta de um serralheiro, quando um carro HB20 deixou uma mulher desacordada na calçada. Ele teria comprado garrafa de água e tentado fazer com que a ela despertasse. Moradores teriam dito que a jovem já havia desmaiado outras duas vezes e que seria a mesma pessoa que estava na casa conhecida como “abatedouro”.

Belo contou, então, que a deixou descansando em seu carro. Depois, levou-a para seu apartamento onde a deixou dormindo, com a recomendação de que não deixasse a porta aberta para que seus gatos não fugissem.

“Quando voltei da rua um tempo depois, estava tudo vomitado”, declarou. “Botei ela para tomar banho. Espremi xampu na cabeça dela, fechei a porta do box e a do banheiro também”. Belo disse, no texto, que a jovem tomou banho sozinha.

O acusado voltou a sair do apartamento. E na rua soube que as imagens e o vídeo sobre o estupro tinham sido compartilhados. “Um amigo falou que eu estava em vários sites como bandido e estuprador”, disse. “Me deu uma tremedeira. Total desespero.”

Ele, então, levou a jovem até a casa da família. Teria conversado com os pais e a avó da menina e pedido desculpas pelas imagens. Ele deixou seu endereço e telefone e contou ter fugido para uma cidade a “2.600 quilômetros do Rio”. “Me tornei um monstro”, escreveu.

Belo encerrou a carta dizendo que vai se entregar. “Não ia conseguir viver fugindo, ainda mais por algo que não fiz, não transei com ela, não fiz sexo oral com ela”, afirmou. A veracidade da carta não foi confirmada pela polícia. O texto foi encaminhado ao portal pela ex-cunhada de Belo, que fotografou a tela do computador e enviou as imagens por WhatsApp.

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