Os quatro homens suspeitos da morte da menina Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, foram soltos ontem por determinação da 1.ª Vara Criminal da Justiça de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O pedido de liberdade provisória havia sido solicitado pelo Ministério Público (MP) do Paraná.
No mesmo dia, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e a Corregedoria da Polícia Civil pediram oficialmente as prisões de policiais envolvidos na suposta tortura cometida contra os suspeitos. No total, foram encaminhados ao Juízo Criminal de Colombo 15 pedidos de prisão preventiva, entre eles a do delegado Silvan Rodney Pereira, que dirigia a delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, quando os quatro suspeitos foram presos.
Também foi solicitado o afastamento de nove agentes públicos. Até o fechamento desta edição, a Justiça ainda não havia se manifestado. "A maioria dos pedidos são relacionados a policiais civis. Os afastamentos também, que podem servir caso não haja prisão, pois um funcionário público pode se valer da função para atrapalhar uma investigação, por exemplo", explicou o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.
Em depoimento, os acusados do crime disseram ter sido torturados em pelo menos quatro unidades: nas delegacias do Alto Maracanã, Campo Largo e Araucária, e no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Entre as práticas citadas estão surras em pau de arara, choques elétricos e até empalamento. Eles afirmaram ser inocentes e que confessaram a morte de Tayná por não terem suportado mais as sessões de tortura.
Soltura
Os homens deixaram a Casa de Custódia de Curitiba, em Araucária (RMC), onde estavam detidos, por volta das 18h40, dentro de dois carros do Gaeco. Eles foram levados para a sede do grupo, no bairro Ahú, em Curitiba. O novo advogado dos suspeitos, Andrey Salmazo Poubel, solicitou a entrada dos quatro no Programa de Proteção à Testemunha do Paraná.
O coordenador do programa é o próprio Batisti, que chefia o Gaeco. De acordo com o promotor, apesar da solicitação, não há garantia de que o pedido seja aceito porque depende de uma análise minuciosa. "Há uma equipe técnica, com psicólogos e assistentes sociais, que entrevista as testemunhas. Depois, um colegiado decide", explicou.
Batisti disse que o programa prevê mudança de residência, podendo haver até transferência de estado. A testemunha não pode deixar rastros e, por isso, o contato até com a família é vedado, sendo feito apenas com prévia autorização.