O trio acusado de matar, esquartejar, comer e fazer salgados com restos mortais de três mulheres em Pernambuco vai a júri popular nesta quinta-feira (13), em Olinda, na região metropolitana do Recife.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 52, Isabel Cristina Torreão Pires, 53, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 28, são acusados pelas mortes de Jéssica Camila da Silva Pereira, 17, Giselle Helena da Silva, 31, e Alexandra da Silva Falcão, 20. Eles estão presos desde 2012, quando os crimes foram descobertos.
Nesta quinta-feira (13), os três serão julgados apenas pela morte de Jéssica, em 2008, em Olinda. As outras duas vítimas foram assassinadas em Garanhuns, no agreste do estado, e o julgamento ainda não está marcado.
Jorge, Isabel e Bruna são acusados de homicídio quadruplamente qualificado - por motivo fútil, com emprego de meio cruel, sem dar chance de defesa à vítima e para assegurar impunidade - ocultação de cadáver, entre outros crimes.
O trio chegou a confessar as mortes, alegando que se tratava de uma "missão" espiritual. No vídeo de seu depoimento, Isabel disse ter comido o fígado das vítimas e afirmou ter vendido salgados feitos com as vísceras, inclusive para o policial que conduzia o interrogatório.
Laudo da avaliação psicológica feita pelo Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em Itamaracá (região metropolitana do Recife), apontou que nenhum dos três réus sofre de transtornos mentais.
Canibalismo
De acordo com a polícia, em 2012, pedaços de carne das vítimas foram guardados na geladeira para serem consumidos pelo trio e também pela filha de Jéssica, supostamente a primeira mulher assassinada por eles.
A menina, que na época tinha 1 ano de idade, vivia com o trio e foi registrada como filha de Jorge e Isabel. Amante de Jorge, Bruna assumiu a identidade de Jéssica, usando uma certidão de nascimento da vítima.
A morte de Jéssica é contada em detalhes no livro Revelações de um esquizofrênico, escrito por Jorge em 2009 e registrado em cartório em 28 de março deste ano.
O julgamento está previsto para ter início às 9 horas (10 horas no horário de Brasília) e pode durar até dois dias. Segundo a Justiça de Pernambuco, apenas duas testemunhas devem ser ouvidas: o delegado que investigou o crime, Paulo Berenguer, e o psiquiatra forense que avaliou os acusados, Lamartine Hollanda.
A reportagem não conseguiu contato com a defensora pública Tereza Joacy, responsável pela defesa do trio. O grupo era defendido antes pelo advogado Raniere Aquino de Freitas, que foi preso em outubro deste ano acusado de desviar dinheiro da prefeitura de Sanharó em 2004, quando era prefeito do município.