O diretor do Departamento de Delegacias Especializadas do Rio, Ronaldo Oliveira, autorizou a transferência de Lucas Perdomo Duarte do Santos e Raí de Souza para o Complexo Presidiário de Gericinó, em Bangu, zona oeste da capital, na tarde desta quinta-feira (2). Eles são acusados de participar do estupro coletivo de jovem de 16 anos no último dia 21, em uma favela na zona oeste do Rio. Ambos foram presos na última segunda feira (30) e estão encarcerados na Cidade da Polícia, no Jacaré, zona norte.
Também está preso no local um terceiro acusado, Raphael Duarte Bello, que se entregou na manhã da quarta-feira (1). Ele ainda continuará na unidade para prestar mais esclarecimentos. A transferência foi autorizada pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), responsável pela investigação. Na manhã desta quinta-feira, a presidente do inquérito, Cristiana Oronato Bento, estava nas ruas em diligências sobre o caso.
Advogada de suspeito de estupro coletivo diz sofrer ameaças nas redes sociais
A advogada Renata Barcellos, que defende o jogador do Boavista Lucas Perdomo Duarte dos Santos, disse nesta quinta-feira que sofreu ameaças nas redes sociais. Segundo ela, uma mulher postou no Facebook texto em que afirma desejar “para os advogados ‘chave de cadeia’ que aconteça consigo o mesmo que seu ‘cliente inocente’ cometeu com outra vitimas”.
A mensagem foi copiada e enviada para a advogada por amigos. Renata afirmou ainda que recebeu mensagens ofensivas no celular. “Essas pessoas estão incitando à violência. Isso não constrói nada, pelo, contrário, incita que a violência que foi feita seja feita comigo”, disse.
“Não estou com medo porque atuo na área criminal. Mas fico surpresa com esse tipo de atitude vindo inclusive de mulheres. Vi críticas até de advogados, acho que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pode até representar”. A defensora anunciou que pedirá ainda na tarde desta quinta a revogação de prisão temporária do cliente.
Saída de vítima de estupro do Rio prejudica a apuração, diz polícia
A saída do Rio da adolescente de 16 anos, vítima de um estupro coletivo há 12 dias, está prejudicando a apuração do caso. A delegada Cristiana Bento, que investiga o crime ocorrido em uma favela carioca, lamentou a decisão dos governos federal e estadual de retirá-la do Estado. Por identificar contradições nos dois depoimentos prestados pela jovem, a delegada pretendia reinterrogá-la e acareá-la com os três suspeitos presos. Sem ela, ao menos um dos acusados pode ser solto.
“As versões (da vítima e dos acusados) são muito desencontradas. Não posso mais ouvir a jovem. Isso dificulta as coisas. Novas informações chegaram e eu não tenho como esclarecê-las com ela”, afirmou. Segundo a delegada, nos depoimentos, a vítima não se refere a alguns suspeitos como estupradores. Entre eles, Lucas Perdomo Duarte dos Santos, o Luquinhas, de 20 anos, e Raí de Souza, de 22, presos desde segunda-feira.
Luquinhas, jogador de futebol, foi preso porque estaria perto do local do crime, no Morro da Barão, e acompanhou a vítima em um baile funk antes da agressão sexual. Sem a acareação, ele pode ser solto hoje. Raí está preso porque as imagens divulgadas nas redes sociais foram filmadas por seu celular.
As diferentes versões apresentadas por Luquinhas, Raí e Raphael Duarte Belo, de 41 anos, suspeito que se apresentou ontem à polícia, levaram a delegada a decidir acareá-los. “Quero esclarecer isso. Vou botar um de frente para o outro. As versões estão desencontradas. Mas ninguém admite o estupro”, afirmou Cristiana.
O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Paulo Melo, afirmou que a jovem estava ameaçada de morte e correria risco se ficasse no Rio. “Não há garantia de que conseguiríamos dar a proteção adequada se ficasse no Rio. A menina estava ameaçada, com medo. A ida (para fora do Estado) não quer dizer que ela não possa colaborar com as investigações”, afirmou Melo, para quem a Defensoria Pública, que atende a vítima, tem como fazer o contato entre ela e os investigadores. A jovem foi incluída no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
Antes de se entregar à polícia, Belo publicou no Facebook texto em que nega o estupro, mas admite ter feito uma foto ao lado da jovem nua. Ele diz que foi ao morro com Raí de Souza. Segundo ele, havia um rapaz no local, conhecido como Jefinho, que disse: “Tem uma mulher aí que não quer ir embora, está desde o dia do baile (funk)”. “Entramos os três. Ela estava deitada, nua, dormindo. O Raí puxou o celular e começou a gravar. Foi mais uma zoação, brincadeira, não machucamos ela.”
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