Belo Horizonte - O goleiro Bruno Fernandes se negou ontem a dar declarações à Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga o desaparecimento de Eliza Samudio, 25 anos, ex-amante do jogador. Bruno é suspeito de ter mandado matar a jovem e de ter presenciado o crime. Também se calaram no depoimento Luiz Henrique Romão, o Macarrão (funcionário de Bruno e suspeito de participação), e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola ou Paulista, suspeito de assassinar Eliza e ocultar o corpo.
Os três ainda se recusaram a colher amostras de DNA para que a polícia cheque de quem é o sangue masculino encontrado no veículo Range Rover de Bruno. No carro foi confirmada a presença do sangue de Eliza. Eles se valem do direito, previsto em lei, de não produzir provas contra si mesmo. Bruno e Macarrão já haviam ficado em silêncio ao depor no Rio, onde foram presos. Eles foram levados para Minas na noite de quinta-feira. Bola foi detido ontem, em Belo Horizonte.
Mesmo sem depor, o trio passou quase seis horas no Departamento de Investigações de Minas. Bruno, Macarrão e Bola chegaram ao local algemados e usavam uniformes vermelhos do presídio Nelson Hungria, de Contagem (MG).
O delegado Edson Moreira, que comanda as investigações, mostrou que a polícia espera vencer Bruno e os envolvidos pelo cansaço.
"Temos 30 dias [prorrogáveis por mais 30] para tentar dissuadir, disse. Os presos serão levados de novo à delegacia na segunda-feira. Ontem, a polícia continuou, sem sucesso, as buscas no sítio de Esmeraldas (MG), onde o corpo de Eliza pode ter sido deixado. A polícia recebeu para perícia o computador de Eliza. Também serão analisados uma EcoSport, que pode ter sido usado para levá-la para o local do crime, e o carro de Bola, em que foram achadas marcas que podem ser sangue.
Mais prisões
A polícia de Minas prendeu ontem à noite os três homens que ainda estavam foragidos acusados de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio. Amigos do jogador, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Flávio Caetano de Araújo se apresentaram ao lado de Elenilson Vítor da Silva, administrador do sítio de Bruno, ao Departamento de Investigações, em Belo Horizonte.
Coxinha e Flávio são suspeitos de esconder o filho de Eliza em Contagem (MG) e de estarem presentes no sítio de Bruno enquanto a ex-namorada era mantida em cárcere privado. Flávio e Bruno saíram juntos do sítio no dia da morte de Eliza, segundo depoimentos. Elenilson, de acordo com a polícia, foi omisso enquanto Eliza ficou detida, mentiu em depoimento e pode ter ocultado indícios do crime.
O advogado dos três, Ércio Quaresma, disse que seus clientes seguirão a mesma estratégia de ficar em silêncio já adotada por Bruno, Macarrão e Bola. Quaresma, que também defende Bruno, Macarrão e Dayanne Souza (mulher do jogador), disse que eles não se pronunciam porque a defesa ainda não teve acesso ao inquérito. O advogado nega a participação de todos no crime.