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Meio ambiente

Sustentabilidade não é para o planeta. É para o homem

Quando o assunto é aquecimento global, logo se pensa em grandes sacrifícios para reduzir as emissões de dióxido de carbono e, assim, salvar o planeta. Mas, como lembrou o empresário Miguel Krigsner, presidente do Conselho Curador da Fundação O Boticário (realizador do evento), em entrevista coletiva à imprensa durante o primeiro dia de atividades do 6.º Congresso Bra­­si­­leiro de Unidades de Conservação (CBUC), não é necessariamente o planeta, mas os seus habitantes, que estão correndo perigo. "A Terra conseguirá se refazer sozinha, mas dificilmente nós conseguiremos sobreviver às mudanças que estão ocorrendo nessa velocidade."

De fato, a rotina das pessoas sofrerá al­­gumas alterações. Mas, para a maioria dos conferencistas que par­­ticiparam do evento on­­­tem, será para melhor. Uma sociedade sustentável é mais saudável, mais humana e, principalmente, mais igualitária. Por outro lado, o au­­mento da temperatura da Terra poderá comprometer significativamente a sobrevivência humana. A falta de alimentos, a proliferação de doenças infecciosas e uma crise econômica brutal, causada pela escassez de recursos naturais, são alguns perigos.

Segundo o professor norte-americano Robert Constanza, di­­re­­tor do Instituto de Ecologia Eco­­nô­­mica da Universidade de Ver­­mont (EUA), em sua palestra sobre como integrar a conservação da na­­tureza e o desenvolvimento econômico, há uma visão catastrófica de como será o futuro porque esse é o retrato que costuma ser des­­crito pela mídia. "Quantos filmes mostram uma imagem boa do futuro? Precisamos criar essa imagem nas nossas cabeças, de como se­­rá viver em um mundo sustentável de fato, para começar a agir."

O climatologista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), lembra que o aquecimento global é um processo na­­tural e que as atividades humanas não são as únicas causas para as mudanças climáticas. "São essas atividades, no entanto, que estão acelerando um processo que de­­moraria milhares de anos para acontecer. Enquanto estivermos aqui, é importante fazer o possível para manter o planeta habitável. Temos a capacidade de nos adaptar a situações adversas, mas a adaptação tem um custo muito alto. Quem vai pagar essa conta?"

Brasil como protagonista

Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação O Boticário, o Brasil tem plenas condições de assumir o papel de protagonista nas discussões globais que envolvem a questão climática. Um dos principais objetivos do evento deste ano é elaborar um documento com uma posição dos es­­pecialistas reunidos no congresso para contribuir e influenciar as decisões que serão tomadas pelo Brasil na 15.ª Conferência das Partes da Con­­venção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu­­danças Climáticas (COP15), em dezembro, na Dina­­marca. As regras definidas na COP15 entram em vigor em 2012 e vão definir o que o mundo vai fazer em relação às mudanças climáticas daí em diante. "Acre­­ditamos que o Brasil pode e deve fazer mais. Na sexta-feira, já começamos a fazer a divulgação e estaremos lá em Copenhague", conta.

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