Suzane von Richthofen, condenada por participar do assassinato dos pais em 2002, aguarda a chegada de uma tornozeleira eletrônica para ingressar no curso superior. Ela cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Feminina de Tremembé e, recentemente, conseguiu liminar na Justiça para se matricular na universidade Anhanguera, em Taubaté. A notícia dividiu opiniões entre frequentadores da unidade e a população em geral. A universidade diz que ela ainda não se matriculou e a defesa pensa em ensino à distância.
Em março passado, Suzane aproveitou, pela primeira vez, de uma saída temporária do presídio, antes do feriado da Páscoa, mas não utilizou o equipamento. Para voltar a estudar, ela precisará dele no período em que estiver fora da penitenciária. Outras duas detentas, que não tiveram seus nomes revelados, também aguardam a tornozeleira para ingressarem em uma universidade. Aos 18 anos, Suzane chegou a estudar Direito.
A mensalidade de um curso de Administração na Anhanguera varia de R$ 500 e R$ 850. Segundo a justiça, Suzane pagaria seus estudos com o que ganha no presídio. Ela trabalha com confecção de uniformes.
Ao serem informados de que poderiam cruzar com a detenta pelos corredores da universidade, estudantes travaram calorosas discussões pelas redes sociais. Enquanto alguns defendem que Suzane tem o direito de ir e vir, outros não concordam em frequentar o mesmo local que ela.
“Vergonha de falar que eu me formei na Anhanguera de Taubaté”, comenta um ex-aluno da unidade. “Eu me recusaria a estudar numa faculdade que se presta a isso”, retrucou outro internauta.
Os alunos temem exposição e não querem se identificar, mas relatam clima tenso. Alguns grupos tentam amenizar a situação. “Penso que ela já foi condenada e tem o direito a uma chance”, relatou uma universitária.
O defensor de Suzane, Ruy Freire, relembra da grande repercussão do caso, e explica que pensa em aulas diferenciadas.
“Não vai ser fácil o convívio com alunos e populares. Vejo a possibilidade de aulas à distância, mas para tanto preciso da participação da Anhanguera”, afirma.
Em nota, a Anhanguera de Taubaté, que oferece cursos à distância, informa que está com as matrículas encerradas para este semestre e que um novo processo seletivo será aberto somente para o próximo ano. Ela diz ainda que Suzane não prestou vestibular para a unidade.
Segundo informações, no fim do ano, um promotor de justiça procurou a unidade para informar o desejo da jovem de estudar, levando, inclusive, seus documentos. Ela usaria sua nota no Enem, o Exame Nacional de Ensino Médio, para ingressar no curso. No início de fevereiro, porém, o pedido para que ela estudasse foi negado pela Justiça porque, de acordo com a juíza do caso, sua segurança estaria em risco.
A universidade diz que acompanhará os desdobramentos do caso e que só pensará em tomar alguma medida “quando e se Suzane se matricular na unidade”.