Pioneirismo
Incentivo para inovarOs R$ 70 mil do prêmio da categoria Programas Exemplares, do concurso Talentos da Maturidade, têm destino certo: serão aplicados na compra de equipamentos e materiais para a instalação do Centro-dia do Cegen, em Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro. A unidade de atenção intermediária vai ter 20 vagas para idosos em recuperação pós-trauma, para reabilitação física e cognitiva, em pacientes que tenham passado por cirurgias ortopédicas, vítimas de acidente vascular cerebral ou portadores de demências.
A premiação é um reconhecimento ao pioneirismo do projeto do Cegen, um dos primeiros centros geriátricos especializados do país, criado há 52 anos. "O enfoque do centro-dia será na reabilitação. É um novo e importante passo no tratamento do paciente idoso", explica o médico geriatra João Batista Lima Filho, diretor do Cegen e integrante do Conselho Nacional da Pessoa Idosa.
Um resto de liberdade
Sinto um gelo secular, quem sabe de outras vidas, de imemoráveis encarnações apenas suspeitadas, que nem mesmo ao sol consigo me aquecer. Volto do cemitério para a casa, agora sem dona, com o passo arrastado de quem não tem pressa de chegar.
Descobrir-se artista depois dos 60 anos ou aproveitar a maturidade justamente para desenvolver um talento ou habilidade que ficou em banho-maria ao longo dos anos. Teve um pouco de tudo entre os 11.800 trabalhos inscritos para a edição de 2010 do Prêmio Talentos da Maturidade, promovido pelo Banco Santander. Mas entre os 20 contemplados nas categorias artísticas, a experiência deu o tom da premiação. Quase todos os vencedores de Música Vocal, Literatura, Artes Plásticas e Fotografia categoria aberta em 2010 já se sabiam talentosos. Faltava um empurrãozinho para expor o trabalho e concorrer.O resultado do concurso foi divulgado na última segunda-feira, em São Paulo. Cada um dos cinco vencedores de cada categoria artística ganhou R$ 7 mil. Os cinco classificados da categoria Programas Exemplares, que elege trabalhos de pessoas jurídicas que promovam assistência ao idoso fragilizado ou estimulem o empreendedorismo na terceira idade, receberam R$ 70 mil e uma consultoria na área de gerontologia.
Neste ano, além de Literatura, o Paraná também apareceu na categoria de Artes Plásticas e Programas Exemplares. Mayra Coelho, de 65 anos, venceu com o conto Um resto de liberdade. Áurea Mullich, de 76 anos, ganhou com a tela Túnel. E o Centro-dia do Centro de Excelência à Atenção Geriátrica e Gerontológica (Cegen), de Cornélio Procópio, foi o projeto selecionado na premiação de pessoa jurídica.
Mayra Coelho é uma veterana em concursos. A formação em Sociologia é exercitada nas leituras, pois a vida profissional foi dedicada aos negócios. Em Curitiba, é a empresária Mayra Sitnik. No mundo das letras, resgatou o nome de solteira. Escritora "desde sempre", ganhou o primeiro prêmio em um concurso literário em 1998. "A primeira vez que ouvi falar no Talentos... ainda não tinha idade para me inscrever. Na época, desejei ser mais velha para concorrer.", brinca.
A produção de Mayra é frenética. Com mais tempo para dedicar-se à literatura, hoje ela cumpre um ritual de produção. Todas as noites, atualiza suas escritas. Para não perder uma ideia ou raciocínio que tem ao longo do dia, vai fazendo suas anotações nos pedaços de papel. "Quando estou na frente do computador, despejo tudo o que imaginei durante o dia", explica.
O conto inscrito no prêmio faz parte de um acervo que está sendo revisado para a publicação de um livro. E ela tem um outro no prelo: em dezembro, lança seu primeiro romance, No lado avesso moram as asas, pela Fundação Cultural de Curitiba. "Escrevo basicamente ficção, nada autobiográfico. Claro que o escritor usa suas próprias referências e experiências de vida para compor suas histórias. Escrever é expor seu excedente de vivências", diz. A premiação de Talentos... encerra um ano particularmente produtivo. Vencedora de um edital da Funarte, recebeu uma bolsa para criação literária e até março deve concluir outro livro, baseado na Revolução de 1964.
Na vida da dona de casa Áurea Machado Mullich, a arte também é companheira e salvadora. Tintas e pincéis são parte da rotina desde 1986. "Comecei a pintar como terapia, para escapar da depressão, depois da morte do meu marido", conta. Áurea já rabiscava antes de fazer aulas de pintura. Mas com cinco filhos, teve pouco tempo para dedicar-se à arte. "Pinto tudo que eu acho bonito. Meu filho faz o desenho e eu coloco as cores", conta. Na casa dela, suas obras decoram a sala com o piano, o violino e o saxofone. O marido era maestro, dois filhos também são músicos. "Pintar é uma forma de relaxar. Me concentro na tela e não penso em problemas", ensina.
A família tem um papel importante na sua produção artística: uma das filhas a inscreveu nas aulas de pintura, há mais de 20 anos. Outro filho colocou o trabalho da mãe no Talentos da Maturidade, pela segunda vez. Fernando, que mora com Áurea, ajuda a artista nas suas pesquisas de novos temas. "Na semana passada fizemos a rota do vinho, na região metropolitana de Curitiba. Fotografamos novas paisagens que serão pintadas em breve".
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