O Salgueiro fez ecoar seu tambor na segunda noite de desfiles da Sapucaí, com um desfile sem falhas, fantasias luxuosas e um samba que empolgou o público, que retribui com o grito "é campeã". A Imperatriz Leopoldinense, que também entrou no páreo pelo título, homenageou com requinte o bairro de Ramos, berço da escola que completa 50 anos.
Ambas escolas, no entanto, ainda têm que bater a bicampeã Beija-Flor, que no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, apresentou mais uma vez uma desfile de campeã.
A tradicional Mangueira atravessou a avenida cantando o Brasil, inspirada na obra de Darcy Ribeiro, na madrugada desta terça-feira. Depois de sofrer atrasos nos preparativos, a escola conseguiu cumprir seu desfile, mas sob conflitos entre a diretoria e o carnavalesco Roberto Szaniecki, que não foi visto na avenida.
"O Carnaval (da escola) estava atrasado, cheio de problemas", disse o diretor da verde-e-rosa, Francisco de Carvalho, Chiquinho da Mangueira, acrescentando que a "situação" do carnavalesco acabaria depois do desfile na Marquês de Sapucaí.
O Salgueiro, vice-campeão no ano passado, homenageou os tambores de distintos países e resgatou a temática afro, com batuque, magia e axé. O cantor, percussionista e compositor baiano Carlinhos Brown foi destaque em um carro que representava o trio elétrico.
No carro abre-alas, o grupo de acrobacias Intrépida Trupe simulava tocar tambores. Entre a ala Tambor Primitivo e o carro Tambor Africano se formou um "buraco" durante o desfile, que pode prejudicar a escola, apesar de a escola alegar não ter sido sua por falha, mas um problema no sinal de trânsito não removido pelas autoridade.
"O que importa é que o sambódromo e o Rio de Janeiro - quem sabe o Brasil - bateram tambor hoje", minimizou o carnavalesco Renato Lage, que festejou a eficiência da bateria em um samba "muito marcado", que foi acompanhado pelo público, especialmente nos setores populares.
"É um samba bem Salgueiro, e a bateria consegui se segurar", afirmou o carnavalesco da escola, cuja rainha da bateria, Viviane Araújo, se uniu aos ritmistas e tocou tamborim.
Com a marca da carnavalesca Rosa Magalhães, que conquistou cinco títulos na verde-e-branca, o último em 2001, a Imperatriz lembrou antigos carnavais do bairro e seus bambas. Luiza Brunet, mais uma vez, saiu à frente da bateria.
Um dos carros, trouxe famosos como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho por sua ligação com o bairro. A cantora Beth Carvalho veio em um carro em homenagem ao bloco Cacique de Ramos, que deu origem à escola.
Uma alegoria com a réplica da Apoteose, onde a Imperatriz conquistou seus oito títulos, encerrou o desfile. A escola não termina entre as cinco melhores do Carnaval desde 2005, quando ficou em 4o lugar.
AMOR DA PORTELA
A Portela, que exibiu histórias de amor, mas sem nenhum coração, teve como um dos principais destaques a volta da rainha da bateria Luma de Oliveira, que pisou na Sapucaí em grande forma depois de três anos de ausência. A escola de Madureira tenta quebrar um jejum de 25 anos sem título.
"Tivemos o objetivo de passar emoção para o público, queríamos mostrar que hoje com toda a tecnologia cada vez mais o ser humano está se afastando e se esquecendo de coisas simples como o amor à família e o amor ao próximo. Se alguém sair daqui amando mais, já estarei feliz", disse o carnavalesco Lane Santana.
Sem chance de título, a Porto da Pedra corre o risco de ser rebaixada por uma sequência de erros na apresentação do enredo "Não me Proíbam Criar, pois Preciso Curiar! Sou o País do Futuro e Tenho Muito a Inventar", que abriu a noite. Além de ter desfilado com o carro abre-alas Gênesis quebrado, a escola deixou um imenso buraco durante sua evolução e só encerrou o desfile nos últimos segundos do tempo regulamentar.
"A escola luta com dificuldade. Eu reciclei material de dez anos atrás. Limpei tudo o que estava sujo de poeira para trazer o que está aí", disse o carnavalesco Max Lopes,
A Viradouro, última a desfilar, atravessou a Sapucaí ao amanhecer, cantando "Vira Bahia, Pura Energia", enredo sobre biocombustíveis, com as arquibancadas esvaziadas.
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