A missão de Rita não foi fácil. Depois de aprovado pela lei de incentivo à cultura da prefeitura municipal, ela ainda demorou pelo menos oito meses gestando o projeto Espaços Curitibanos. Corrigiu o rumo da escolha, optando por casas ainda em funcionamento, e as percorreu porta a porta, pedindo permissão aos velhos comerciantes ou seus herdeiros para "apropriar-se" de parte do universo de cada um. Ouviu recusas categóricas. "Um dos mais tradicionais do centro da cidade nem me deixou terminar de falar. Disse não, e pronto!", conta.
Cada loja tem uma particularidade especial, até nos formatos das caixas. A Padaria América, por exemplo, foi feita na vertical. Até a batedeira centenária está lá. "É a tampa do desodorante do meu filho", conta a miniaturista, expert em transformar qualquer simples pedaço de mangueira em pote de biscoito. No Armazém Santa Ana, o baleiro antigo é feito de pedraria de bijouteria. Os olhos treinados não deixam passar nenhum objeto com potencial para virar miniatura. É a maior consumidora de tampa de alumínio de achocolatado da cidade. "Faço baldes de latão e leiteiras com ele. Pratos, luminárias... nossa, um monte de coisas", diverte-se.
Madeira, cerâmica e papel são matérias-primas, mas nas miniaturas também é possível achar botões, mangueira, colchetes, alfinetes, clipes de papel... Cada loja de Rita rende horas de observação criteriosa. Faz parte da diversão identificar o material com que cada miniobjeto foi reproduzido. A primeira exposição foi realizada em outubro do ano passado, no Museu Paranaense. A próxima está marcada para o fim do mês, em São José dos Pinhais, na inauguração da ala nova do museu histórico da cidade. É esperar e conferir. (APF)
