Durante trabalho de campo na Serra do Caverá, em Rosário do Sul, no Rio Grande do Sul, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) flagraram uma cena rara, de causar arrepios. Uma tarântula, da espécie Grammostola quirogai, estava comendo uma serpente da espécie Erythrolamprus almadensis, conhecida popularmente como jararaquinha do campo, que media quase 40 centímetros de comprimento.
“A predação de uma cobra tão grande em relação ao tamanho da aranha foi uma surpresa para nós”, disse Leandro Malta Borges, estudante de Biologia na UFSM, em entrevista ao site Live Science.
Em estudo publicado em dezembro no periódico Herpetology Notes , os pesquisadores afirmam que existem relatos na literatura de tarântulas se alimentando de cobras, mas apenas em experimentos controlados em laboratório.
“As cobras não são itens comuns na dieta desses animais”, dizem os cientistas. “Até onde sabemos, nós apresentamos aqui o primeiro caso documentado envolvendo a predação de uma cobra por um indivíduo da família Theraphosidae na natureza”.
De acordo com os pesquisadores, é provável que a cobra azarada tenha entrado na toca da aranha em busca de abrigo, sendo atacada e morta pela tarântula. Essa espécie de aracnídeo possui veneno, mas não existem estudos para avaliar se ele é potente o suficiente para matar uma cobra. Tipicamente, as tarântulas se alimentam de outras aranhas e insetos e pequenos répteis, anfíbios, pássaros e mamíferos.
A aranha era uma fêmea adulta. A cobra, que media 39,6 cm, já foi encontrada morta, com danos severos na parte central e anterior do corpo, por onde a tarântula se alimentava. O estado de decomposição da presa já estava avançado, por causa do processo de digestão extracorpórea da aranha. Os dois animais foram coletados e levados para estudos em laboratório.
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