Ontem à tarde, a rodoviária e outros pontos de recarga do cartão-transporte tiveram fila| Foto: Giuliano Gomes / Tribuna do Paraná

Urbs usa painéis das estações para defender alta na tarifa

Empresa defende que foram publicadas apenas informações a usuários, mas cientistas políticos veem afirmação de posicionamento político

A Urbs usou na terça-feira à noite os painéis eletrônicos das estações-tubo da Rede Integrada de Transporte (RIT) de Curitiba e Região Metropolitana para defender o aumento no preço da passagem de ônibus. Nesses dispositivos, geralmente, constam informações como o nome da linha e próximos horários. Mas, ao longo do dia, os usuários puderam ler frases como "o aumento da tarifa é um esforço da prefeitura de Curitiba para manter a integração metropolitana" e "o reajuste é menor que a inflação. No mesmo período, salários dos motoristas e cobradores subiram em média 20%."

Para o professor de Ciência Política do Grupo Uninter, Doacir Quadros, e o professor de Ciência Pública da UFPR, Fabrício Tomio, o uso dos painéis é, claramente, político e de defesa de uma posição.

"Nesse caso específico, a Urbs está trazendo para o usuário o ponto de vista da prefeitura de Curitiba, que está contrapondo o posicionamento do governo estadual", observa Quadros.

"Não é uma informação ao usuário do transporte, nem uma informação genérica de utilidade pública. É, certamente, um argumento, da companhia e do município sobre uma decisão que tomou", avalia Tomio.

A Urbs confirmou que a frase citada e outras do gênero foram publicadas nos painéis eletrônicos, mas defendeu que o espaço é usado para passar informações aos usuários e que em nenhum caso houve a defesa de posicionamento político. A Urbs argumenta que não foi citado o nome de nenhuma pessoa ou órgão e que as frases foram colocadas nos painéis para que os usuários saibam que se está tentando que não haja mudança na rotina do transporte coletivo.

Antonio Senkovski

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Diferença de preço

MP-PR e Procon se reúnem novamente com prefeitura hoje

O Ministério Público do Paraná e o Procon têm uma nova reunião com a Urbs hoje, às 10h30, para discutir a diferenciação da tarifa para quem paga em dinheiro e quem usa o cartão-transporte.

Segundo a coordenadora do Procon, Claudia Silvano, a conversa de ontem foi preliminar e nenhuma alternativa foi apresentada pela prefeitura de Curitiba para a questão. Para os dois órgãos, a diferenciação fere um dos princípios constitucionais, o da impessoalidade, ao tratar de forma desigual usuários de um mesmo serviço.

No documento encaminhado ao Executivo municipal ainda na terça-feira, o MP-PR alerta a prefeitura de Curitiba de que em situações similares, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e o Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, consideraram ilegal a diferenciação na tarifa.

Outro lado

O presidente da Urbs, Roberto Gregório, afirmou que repassou aos dois órgãos as justificativas da prefeitura para a medida. Um dos argumentos do município é a segurança. Hoje, 56% das viagens são pagas com cartão. A meta é chegar a 70% – o que retiraria da gaveta dos cobradores R$ 461 mil por dia.

Fabiane Ziolla Menezes e Raphael Marchiori

Projeto

Paulo Rink propõe turbinar recursos do transporte com publicidade em ônibus

O vereador Paulo Rink (PPS) reapresentou ontem um projeto que permite a venda de publicidade nas laterais dos ônibus de Curitiba e a reversão do lucro ao Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC). Nos cálculos do parlamentar, isso permitiria uma redução de no mínimo R$ 0,20 na tarifa técnica.

Ele já havia apresentado um projeto similar em 2013, que acabou sendo devolvido pela Comissão de Legislação e Justiça, por falhas de técnica legislativa e invasão de competência. Segundo Rink, esse novo projeto foi apresentado ao prefeito e avaliado positivamente pela procuradoria do município. Entretanto, há resistência por parte do Ippuc, que teme a desvirtuação do padrão visual dos ônibus da cidade.

Hoje, há espaço publicitário na janela traseira dos coletivos, mas que são usados exclusivamente para campanhas da própria prefeitura. Há, também, publicidade nos espaços internos dos ônibus, mas os recursos arrecadados não são destinados ao FUC.

Chico Marés

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Agora vai

Comissão para avaliar resultado da CPI vai sair do papel

A Câmara decidiu, nesta quarta-feira, instalar uma comissão especial para acompanhar os resultados da CPI do Transporte Coletivo, realizada em 2013. A comissão, proposta pelos membros da CPI depois de seu encerramento, já havia sido aprovada em fevereiro do ano passado, mas não chegou a ser instalada. Na época, decidiu-se que ela deveria funcionar somente depois das eleições de 2014. A comissão vai ficar ativa por um ano, e terá, assim como a CPI, 13 membros. Ainda não há definição de quais vereadores participarão.

Durante a sessão plenária, vereadores relembraram algumas conclusões da CPI, especialmente referentes à composição da tarifa técnica, como um dos motivos para a crise do ônibus em Curitiba. "Fizemos um trabalho importante na CPI. Foram apontados problemas sérios, mas nós não sabemos os desdobramentos, o que os outros órgãos estão fazendo", queixou-se a vereadora Professora Josete (PT). "Se nada aconteceu, nós temos que tomar uma atitude."

O governo do estado anunciou anteontem que a nova tarifa das linhas metropolitanas integradas seria definida apenas após a conclusão de estudos realizados pela Comec. Mas tudo indica que elas serão ainda mais caras do que as do transporte urbano – que amanhã passará a custar até R$ 3,30. Hoje, as linhas não integradas já têm custo médio de R$ 3,20.

Os valores dessas linhas não integradas são definidos pelo governo do estado. A linha I32 (Araucária-Campo Largo), por exemplo, tem 31 quilômetros de extensão e custa R$ 4. Pelo valor, especula-se que linhas com extensão próxima a essa, como a 805 (Curitiba/Campo Largo), custariam ainda mais caso realmente haja a desintegração tarifária da RIT.

Para Marcos Bicalho, diretor da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos (NTU), a desintegração traz um impacto inevitável sobre preço. "Os passageiros da capital realmente subsidiam um pouco o sistema. Com a separação, cada parte precisa se equilibrar e caberá ao usuário metropolitano pagar esse aumento", afirma.

A possível desintegração tarifária do sistema se deve ao impasse entre governo e prefeitura de Curitiba sobre os valores dos subsídios que cobririam a diferença entre o valor pago pelo usuário e o repassado às empresas do setor. A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) alega que o custo do passageiro metropolitano é menor do que o apresentado pela Urbs.

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Para embasar essa afirmação, a Comec se fia na pesquisa origem-destino feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O levantamento, concluído no ano passado, ouviu 128 mil usuários. O sistema transporta 2 milhões de pessoas por dia.

Segundo a Comec, essa pesquisa concluiu que 31,2% dos passageiros da RIT são metropolitanos. Isso representa 50% a mais do que até então era estabelecido pela Urbs. Quanto mais usuários, menor o custo do sistema. Por isso, o governo propõe reduzir os seus subsídios e dividir eventuais déficits com a prefeitura. A alegação é de que Curitiba, como polo metropolitano, beneficia-se diretamente pela integração.

Contraponto

A prefeitura questiona a validade da pesquisa pela quantidade de entrevistados e também por terem sido ouvidos apenas passageiros embarcados. Desde a divulgação do estudo, a Gazeta do Povo tenta, sem sucesso, obtê-lo.

Independentemente dos argumentos, Bicalho afirma que uma desintegração traria prejuízos para ambos os lados. "Na maioria das regiões metropolitanas brasileiras, a gestão é separada. Mas o caminho da gestão única traz racionalidade à rede porque não há concorrência entre os sistemas metropolitano e urbano".

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Uma saída, segundo o diretor da NTU, seria a formação de um consórcio entre os municípios, a exemplo do que ocorre em Recife e Fortaleza. "A melhor solução é achar um caminho para manter a rede integrada."

Recarga do cartão provoca filas

Fernanda Trisotto

O anúncio do reajuste da passagem de ônibus anteontem e a diferença de R$ 0,15 a menos para quem usar o cartão-transporte movimentou os pontos de recarga do dispositivo ontem, em Curitiba.

De acordo com a Urbs, já na terça-feira foram emitidos 662 novos cartões-transporte na própria Urbs e também nas Ruas da Cidadania, bem mais que o registrado na terça-feira passada, 26 de janeiro, quando foram confeccionados 264 cartões. Para o órgão, além da alta da tarifa, o fato de ser início de mês e de ano letivo também explica a procura.

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Não adianta querer estocar passagens com o valor antigo, de R$ 2,85. Quem recarregar o cartão-transporte com a velha tarifa só poderá usar os créditos nesse valor por 30 dias, contando a partir da data do reajuste, que é sexta-feira. Ou seja, as passagens compradas ainda hoje só valerão até o dia 5 de março. No dia 6 março, o valor de R$ 3,15 passa ser debitado.

Para aproveitar o preço menor, a recarga deve ser feita até às 23h59 de hoje. Além dos pontos de recarga da Urbs e Ruas da Cidadania, e das bancas de revista conveniadas, os cidadãos podem recorrer à internet. Esta última opção, aliás, é boa para quem ainda não recebeu o salário de fevereiro – muitos receberão na sexta-feira, 5.º dia útil do mês – e tira do próprio bolso os custos do transporte. É que a opção via site da Urbs funciona a partir da emissão de um boleto, que tem um prazo de pagamento mais elástico. No entanto, é preciso ficar atento à quantidade de créditos comprados, já que eles só são debitados no cartão-transporte depois da compensação bancária, geralmente um prazo de 48 horas.

Atualmente,se um usuário quiser carregar o cartão-transporte com dinheiro suficiente para andar 60 vezes de ônibus em um mês (sem considerar o preço da tarifa domingueira), ele vai desembolsar R$ 171. Com esse mesmo valor em dinheiro, mas considerando a nova tarifa de R$ 3,15, ele poderá andar de ônibus 54 vezes e terá um saldo de R$ 0,90 centavos no cartão.

Penúria

Em janeiro, a Gazeta do Povo mostrou superlotação, elevado tempo de espera e veículos com idade avançada nas linhas metropolitanas integradas. A situação é ainda pior nas não integradas. O estado de abandono de terminais sob a gestão dos municípios é crítico. Há banheiros sujos e sem louça, estações-tubo sem portas e até cães vira-latas "ajudando" na segurança dos locais.

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Custo relativo

Curitiba pede ao estado um subsídio anual da ordem de R$ 84 milhões para cobrir o déficit da RMC. Isso representa 4,68% da arrecadação de ICMS projetada pelo estado para os 14 municípios integrados em 2015. Além de não concordar com o pedido, a gestão Richa alega falta de caixa para justificar atrasos em pagamentos– como os R$ 13 milhões devidos do convênio de 2014.

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