Tarifa de ônibus vai a R$ 2,20

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Oito dias depois de o prefeito Beto Richa (PSDB) assumir seu segundo mandato, a prefeitura de Curitiba anunciou ontem que a tarifa de ônibus na cidade subirá de R$ 1,90 para R$ 2,20 a partir da próxima segunda-feira. A tarifa de R$ 1,90 era praticada desde abril de 2004 e o aumento será de 15,7%. Segundo a Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo na capital, a inflação acumulada desde abril de 2004 foi de 33,86%, medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), e o óleo diesel teve um reajuste de 52,2% no período. No fim da tarde de ontem, o governo do estado anunciou que pretende barrar o reajuste na Justiça.

Em setembro, quando foi sabatinado pela Gazeta do Povo, o então candidato à reeleição Beto Richa foi evasivo em relação ao assunto. "Pretendo mantê-la (a tarifa) no preço que está até quando puder", limitou-se a dizer. Em nova entrevista, no fim do ano passado, já reeleito, Richa voltou a desconversar, dizendo que não havia previsão para o aumento.

No bolso

Até o fim deste ano, o reajuste vai significar aproximadamente R$ 148 a menos no bolso de quem trabalha de segunda a sexta-feira e pega dois ônibus por dia. Já quem trabalha de segunda-feira a sábado (e também pega dois ônibus por dia) terá de desembolsar cerca de R$ 177 a mais. A tarifa de R$ 2,20 representa 0,53% do salário mínimo nacional de R$ 415. O valor anterior, de R$ 1,90, representava 0,45% do salário mínimo.

O economista Sandro Silva, do Dieese, lembra que, apesar de a tarifa estar congelada desde abril de 2004, houve um reajuste de 375% desde a implantação do Plano Real, em julho de 1994. A inflação no período, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 237,41%. Com a tarifa a R$ 2,20, nos últimos 14 anos o reajuste da passagem de ônibus na capital chegará a 450%.

Para Silva, é difícil analisar o custo real da tarifa, já que muitos dados utilizados como base pela Urbs são defasados. "Antes de se discutir se a tarifa é adequada ou não, seria preciso rever procedimentos que julgamos errados", afirma. "Não há uma atualização dos coeficientes técnicos de consumo. Para o consumo de pneus, a prefeitura utiliza cálculos de 1987. Para verificar o consumo de óleo diesel, a prefeitura faz uma consulta às empresas e utiliza cálculos de 2000."

Já em relação à depreciação de peças e acessórios, segundo Silva, a metodologia utilizada é da década de 1980. "Naquela época indicava-se que o custo podia ficar entre 6% e 10% do valor do veículo, e até pouco tempo atrás a prefeitura repassava 10% do valor", comenta. O economista também questiona a falta de transparência da Urbs. "É difícil conseguir informações. Não há transparência e não há controle social. A nova lei do transporte coletivo diz que existe um conselho de transportes, mas que depende de decreto e pode mudar de acordo com a vontade do prefeito."

Segundo matéria publicada no site da prefeitura, a nova tarifa possibilitará a renovação e a ampliação da frota de ônibus. A tarifa de R$ 2,20 será cobrada de segunda-feira a sábado. Aos domingos, a passagem continua a R$ 1.

Internet

Quem tem o Cartão Transporte pode comprar créditos pela internet hoje pagando o preço antigo. Nos sites da prefeitura (www.curitiba.pr.gov.br) e da Urbs (www.urbs.curitiba.pr.gov.br), o usuário efetua a compra online e imprime o boleto bancário. A fatura será emitida com o valor de R$ 1,90 até as 23h59. A data de pagamento do boleto será segunda-feira, o primeiro dia útil depois da compra. Se o pagamento não for efetuado na segunda, o boleto perde a validade.