Andar de ônibus em Curitiba está 40 centavos mais caro a partir desta segunda-feira (1.º). O reajuste de tarifa, anunciado pela Urbs na última semana, eleva para R$ 3,70 o valor da passagem na capital. Na região metropolitana, a Comec também aumentou o preço da passagem – que varia de R$ 3,70 até R$ 5,70, nas linhas metropolitanas não integradas. O problema é que, apesar de o cidadão já pagar mais pelo serviço, isso não significa calmaria no sistema. O impasse do setor tem relação com o atraso do pagamento de trabalhadores por falta de dinheiro no caixa das empresas – e essa conta ainda não está equacionada.
Isso quer dizer que um novo aumento da passagem não está descartado, porque o reajuste salarial dos trabalhadores ainda não foi definido, embora uma proposta inicial de reposição da inflação já tenha sido rejeitada. Esse porcentual é central para calcular o custo total do sistema, que vai definir a tarifa técnica.
Ainda, a aparente arrecadação extra de 43 centavos – diferença entre os R$ 3,70 pagos pelo usuário e os R$ 3,27 repassados para as empresas – pode minguar. A Urbs já admitiu que o dinheiro, que vai para o Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), será usado para garantir o caixa do pagamento retroativo ao aumento salarial dos motoristas e cobradores. O extra pode ser ainda menor, porque há tendência de queda na quantidade de passageiros transportados. Isso impacta a conta diretamente, já que a remuneração das empresas é o custo total dividido pela quantidade de passageiros pagantes.
O sindicato que representa as empresas do sistema, o Setransp, afirma que a projeção de passageiros é crucial. “Atualmente, a diferença entre o total de passageiros projetado e o realizado é de 1 milhão a menos por mês. Isto é, são R$ 3 milhões por mês que deixam de ser arrecadados, embora o custo de operação se mantivesse o mesmo”, afirma em nota.
O Setransp ainda diz que espera a definição da tarifa técnica para saber se ela cobre a programação de serviço que é repassada pela Urbs às empresas, e engloba a quilometragem percorrida, quantidade de carros nas ruas e de funcionários envolvidos na operação. Em 2015, as empresas sinalizaram que precisariam receber quase R$ 4 por passageiro transportado para manter a operação viável. O valor continua sendo superior ao cobrado do usuário, o que indica que haveria necessidade de uma complementação, via subsídio municipal ou novo reajuste. Essa definição sai até 26 de fevereiro – e até lá o passageiro vai continuar pagando R$ 3,70 e torcendo para que a tarifa não suba de novo.