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Calheiros não participou pelas circunstâncias, diz Chinaglia

Brasília – O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse ontem acreditar que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não tenha participado das comemorações do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pelas "circunstâncias" políticas que enfrenta. "Ele deve ter decidido não vir pelas circunstâncias. Eu não estou negando que o fato de ele estar sendo agora (julgado) pelo Senado é que deve ter pesado, é obvio", afirmou o deputado.

Chinaglia evitou especular se Renan estaria fazendo um corpo a corpo com os parlamentares na tentativa de salvar o seu mandato, já que na próxima quarta-feira o plenário do Senado vai votar o projeto que recomenda a perda do seu mandato. "Ele pode desde estar descansando até está trabalhando junto aos senadores", disse.

Chinaglia afirmou que vem acompanhando a distância os processos contra Renan, mas disse torcer que tal situação não se repita na Câmara. "Eu rezo, torço e trabalho para que a Câmara fique longe desse tipo de problema. Eu sou presidente de outra Casa, não tenho que ter nenhum tipo de interferência ou opinião", afirmou.

Chinaglia participou na manhã de ontem ao lado de vários ministros e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do desfile militar em comemoração ao Dia da Independência.

Brasília – O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou ontem que o governo federal esteja pressionando integrantes da base aliada para absolverem o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no processo de cassação de seu mandato que será votado pelo Senado na quarta-feira. Para cassar Renan, é preciso o voto de, pelo menos, 41 dos 81 senadores.

"O governo não está tratando desse assunto", afirmou Tarso, após acompanhar o desfile militar na Esplanada dos Ministérios em comemoração ao Dia da Independência.

Questionado se Renan fez falta na cerimônia de comemoração do Sete de Setembro, o ministro reagiu de forma irônica. "Por que sentir falta? Ele não veio porque não quis", afirmou.

Às vésperas da votação que vai decidir se perderá o mandato, Renan foi a principal autoridade ausente no desfile militar. O senador optou por passar o feriado em Alagoas, onde vai preparar sua defesa, que será apresentada na quarta-feira durante sessão secreta do Senado que vai votar o projeto de resolução que recomenda a cassação de seu mandato.

Renan é acusado de usar recursos da empreiteira Mendes Júnior – por meio do lobista Cláudio Gontijo – para pagar despesas pessoais, como a pensão alimentícia à jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos fora do casamento. Ele nega as acusações.

Reportagem publicada ontem no jornal Folha de S.Paulo informa que o Planalto trabalha nos bastidores para evitar a cassação do presidente do Senado.

A reportagem apurou que o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), têm procurado dirigentes de partidos aliados e senadores que apóiam o governo para dizer que não interessa ao Planalto a cassação de Renan.

Senadores tentam costurar um acordo para transformar em aberta a sessão que decidirá sobre o pedido de cassação de Calheiros. Os petistas Eduardo Suplicy (SP) e Delcídio Amaral (MS) pretendem apresentar um projeto de resolução para modificar o regimento da Casa.

Como a proposta deve ser protocolada na segunda é preciso haver um consenso na Casa que permita a supressão dos prazos de tramitação exigidos. Mesmo que a iniciativa seja bem-sucedida, a votação continuará sendo secreta, já que essa norma está na Constituição.

O artigo 197 do regimento interno determina que a sessão seja "obrigatoriamente" secreta nos casos de perda de mandato. Já o artigo 55 da Constituição estabelece que a votação seja secreta nesses casos. Um projeto de resolução é aprovado por maioria simples, enquanto uma proposta de emenda constitucional necessita do apoio de 60% do Senado e votação em dois turnos.

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